Logo R7.com
RecordPlus

Alunos chineses são forçados a espionar colegas de classe no Reino Unido, diz relatório

Documento aponta que universitários enfrentam pressão para monitorar colegas e evitar temas sensíveis ao governo da China

Internacional|Do R7

  • Google News

RESUMO DA NOTÍCIA

  • Relatório da UK-China Transparency revela que estudantes chineses no Reino Unido são pressionados a espionar colegas e evitar tópicos sensíveis ao governo chinês.
  • Acadêmicos enfrentam intimidação, com ameaças a familiares na China e a remoção de conteúdos que possam ofender estudantes nacionalistas.
  • Nova legislação britânica busca proteger a liberdade acadêmica, permitindo multas severas para instituições que não cumprirem as diretrizes.
  • Em resposta ao relatório, a embaixada chinesa nega as alegações, enquanto representantes britânicos afirmam que a liberdade acadêmica é "inegociável".

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Universitários chineses são pressionados a espionar colegas de classe no Reino Unido, diz relatório Divulgação/Chris Yang/Unsplash

Estudantes chineses em universidades do Reino Unido estariam sendo pressionados por autoridades de Pequim para espionar colegas de classe. É o que sugere um relatório divulgado no domingo (3) pela UK-China Transparency (UKCT), think tank que investiga influências do governo da China em universidades britânicas para proteger a liberdade acadêmica.

O objetivo da espionagem, de acordo com a organização, seria suprimir discussões sobre temas considerados sensíveis pelo governo da China, como o surto de Covid-19 e a ascensão de empresas de tecnologia chinesas.


Leia mais

Segundo o relatório, acadêmicos que pesquisam sobre a China relataram que autoridades chinesas têm alertado professores para evitar esses tópicos em sala de aula.

A pressão ocorre em um momento em que uma nova legislação britânica, que entrou em vigor na semana passada, reforça a responsabilidade das universidades em proteger a liberdade acadêmica e de expressão.


A lei prevê multas de até milhões de libras para instituições que não cumprirem essas diretrizes, segundo o Escritório para Estudantes (OfS), órgão regulador do ensino superior no Reino Unido.

Interferência e intimidação

O relatório da UKCT, baseado em uma pesquisa com 50 acadêmicos de estudos sobre a China, joga luz sobre vários casos de intimidação.


Alguns professores relataram assédio por parte de autoridades chinesas ou de acadêmicos visitantes, incluindo ameaças a familiares na China devido a pesquisas sensíveis conduzidas no Reino Unido.

Além disso, estudantes de várias nacionalidades afirmaram sentir desconforto ao discutir temas delicados em sala, temendo represálias, o que os levou a evitar aprofundar esses assuntos academicamente.


A pesquisa também apontou que a dependência financeira das universidades britânicas em relação às taxas pagas por estudantes chineses pode estar influenciando a relutância de algumas instituições em enfrentar a interferência chinesa.

Cerca de 64% dos entrevistados acreditam que essa dependência afeta a percepção dos administradores universitários sobre a importância das relações com o governo chinês.

Em alguns casos, professores foram pressionados a remover conteúdos didáticos que poderiam ofender estudantes nacionalistas chineses ou o governo da China.

Institutos sob escrutínio

Os Institutos Confúcio, organizações que promovem a cultura e a língua chinesas em universidades britânicas, também foram citados no relatório. Financiadas por uma agência do governo chinês, essas entidades têm sido criticadas por possíveis laços com o Partido Comunista Chinês.

Susan Lapworth, diretora executiva do OfS, afirmou que espera investigações sobre essas organizações sob as novas leis de liberdade de expressão, devido a preocupações de que possam representar uma ameaça à liberdade acadêmica nos campi.

Segundo o relatório do UKCT, um acadêmico chegou a interromper o ensino em uma universidade após ser intimidado por um pesquisador visitante da China, que chegou a sussurrar “estamos de olho em você”.

Estudantes chineses também confidenciaram a professores que a polícia de seu país os instruiu a monitorar eventos no campus, e alguns relataram vigilância constante, com entrevistas por autoridades ao retornarem à China.

A embaixada chinesa em Londres classificou o relatório como “infundado e absurdo”, afirmando que a China respeita a liberdade de expressão no Reino Unido e segue uma política de não interferência em assuntos internos de outros países.

A Universities UK, que representa 141 instituições britânicas, disse que leva a sério qualquer ameaça à liberdade de seus membros e trabalha com o governo para protegê-la.

A ministra das Habilidades, Jacqui Smith, declarou que tentativas de intimidação por estados estrangeiros não serão toleradas e que a liberdade acadêmica é “inegociável”. Ela citou uma multa recorde de £ 585.000 aplicada pelo OfS como um alerta às universidades para que cumpram seu papel na proteção dessas liberdades.

O OfS também planeja implementar um novo sistema de reclamações, permitindo que professores e palestrantes denunciem diretamente ameaças à liberdade de expressão. O órgão regulador exige que as universidades revisem ou encerrem acordos com países estrangeiros que comprometam esses princípios, independentemente de possíveis perdas financeiras.

Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp

Últimas


    Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.