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Arquiteto da era pós 11/9, Dick Cheney foi o vice que moldou a presidência de George W. Bush

Republicano linha-dura defendeu a invasão do Iraque, chefiou a Defesa na Guerra do Golfo e encerrou trajetória rompido com Trump

Internacional|Do R7

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Dick Cheney, vice-presidente influente e controverso dos EUA, morreu aos 84 anos devido a complicações de saúde.
  • Foi um dos principais defensores da invasão do Iraque e desempenhou papel crucial na resposta à "guerra ao terror" após os ataques de 11 de setembro.
  • Teve uma carreira política extensa, passando por cargos como secretário de Defesa e chefe de gabinete, e ficou conhecido como "presidente-sombra".
  • Após deixar o cargo, tornou-se crítico de Donald Trump e defendeu seu legado político frente a novos desafios.

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Dick Cheney foi peça-chave na política americana pós-11 de setembro U.S. National Archives - 11/09/2001

Discreto no estilo e implacável nas decisões, Richard (Dick) Bruce Cheney atravessou meio século de poder em Washington: foi chefe de gabinete da Casa Branca, seis vezes deputado, secretário de Defesa e vice-presidente por dois mandatos.


Seu nome ficou indissociável da “guerra ao terror” após os ataques terrorista de 11 de setembro de 2001 e da escolha de invadir o Iraque em 2003, posições que o consagraram como o vice-presidente mais influente da era moderna dos EUA e também um dos mais controversos. Morreu, nesta terça-feira (4) aos 84 anos, por complicações de pneumonia e doenças cardíaca e vascular, segundo a família.

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Origens e formação

Nascido em Lincoln, no estado americano de Nebraska, mas criado em Casper, em Wyoming, Cheney passou por Yale, mas formou-se e fez mestrado em ciência política na Universidade de Wyoming. Ainda jovem acumulou contratempos, inclusive duas prisões por dirigir alcoolizado, retomou os estudos e iniciou carreira como assessor legislativo até ser cooptado para a máquina executiva republicana no fim dos anos 1960.


Ascensão nos bastidores

O encontro com Donald Rumsfeld, nos tempos de Richard Nixon, pautou a escalada de Cheney. Em 1975, já era chefe de gabinete de Gerald Ford, então o mais jovem a ocupar o posto. Em 1978, elegeu-se para a única cadeira da Câmara por Wyoming e consolidou uma reputação de conservador linha-dura ao longo de seis mandatos.


Escolhido por George H. W. Bush, Cheney comandou o Departamento de Defesa (1989–1993), período marcado pela invasão do Panamá e, sobretudo, pela Guerra do Golfo de 1991. Articulou a coalizão internacional e a presença de tropas na Arábia Saudita que precedeu a Operação Tempestade no Deserto, um triunfo militar em 100 horas de campanha terrestre.


Fora do governo, presidiu a Halliburton (1995–2000). Em 2000, foi chamado para liderar a busca pelo vice ideal de George W. Bush e, por fim, acabou indicado para a chapa. Empossado em 2001, assumiu uma vice-presidência sem precedentes em capilaridade sobre políticas de segurança, energia e ampliação do poder executivo.

O 11 de Setembro e a invasão do Iraque

Nos ataques de 2001, operou a resposta a partir do bunker da Casa Branca e defendeu uma estratégia de ação preventiva contra ameaças “mesmo quando a probabilidade fosse de 1%”, raciocínio que embasou a arquitetura legal e operacional da chamada “guerra ao terror”, que englobou desde a intervenção no Afeganistão à defesa de “técnicas reforçadas de interrogatório”.

Cheney foi um dos principais defensores da invasão do Iraque em 2003, alicerçada em premissas depois refutadas: supostos laços entre Saddam Hussein e a al-Qaeda e a existência de armas de destruição em massa. O conflito redesenhou a política externa americana, com saldo humano e político duradouro, e alimentou a imagem de Cheney como “presidente-sombra”.

Com histórico de cinco infartos, Cheney implantou dispositivos cardíacos e chegou a desativar a conectividade sem fio do desfibrilador, temendo um ataque remoto, símbolo do clima de ameaça permanente que ajudou a forjar. Em 2012, recebeu um transplante de coração e seguiu politicamente ativo.

Ruptura com o trumpismo

Já fora do poder, manteve a defesa do legado pós-11/9 e se tornou crítico feroz de Donald Trump, sobretudo após o assalto ao Capitólio. Gravou anúncio para a filha, Liz Cheney, líder republicana anti-Trump, e declarou voto em Kamala Harris em 2024, um gesto que cristalizou seu afastamento do atual presidente americano.

Para admiradores, Cheney foi o operador que ofereceu firmeza em tempos de incerteza e reequilibrou a autoridade presidencial. Para detratores, foi o arquiteto de um ciclo de guerras e práticas que feriram valores democráticos. Em ambos os casos, sua marca é indelével: foi ele quem redefiniu o alcance político e institucional do cargo de vice-presidente nos EUA.

Cheney deixa a esposa, Lynne, as filhas Liz e Mary e netos. Sua trajetória ajuda a explicar a Washington que emergiu do pós-Guerra Fria e do pós-11 de Setembro — um poder executado nos bastidores, com impacto de primeira ordem no tabuleiro global.

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