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Assassinato de Moise é mais um trágico episódio da crise no Haiti

País enfrenta instabilidade econômica, política, social há anos e sofre com a falta de vacinas para controlar os casos de covid-19 

Internacional|Do R7, com agências internacionais

Haiti tem série de protestos intensos desde 2018
Haiti tem série de protestos intensos desde 2018

O presidente do Haiti, Jovenel Moise, foi assassinado na manhã desta quarta-feira (7) dentro da residência oficial da presidência. A primeira-dama, Martine Marie Etienne Joseph Moïse, também foi baleada e morreu no hospital.

Esse é o novo, e mais trágico, capítulo de uma série de crises econômicas, políticas e sociais que afligem o país caribenho, que desde 2018 tem intensos protestos da população por melhores condições de vida.

Moise estava no poder desde 2017, quando venceu as eleições com 55,6% dos votos. Sem nenhuma experiência prévia em cargos públicos, foi eleito com um discruso anti-corrupção. O empresário do ramo das bananas assumiu o país logo depois da passagem do furacão Matthew, que deixou mil mortos e mais de 1,4 milhão de pessoas dependendo de ajuda humanitária.

Nos anos seguintes, a situação do país não melhorou. Em setembro e em novembro de 2018, os haitianos saíram maciçamente às ruas para exigir o esclarecimento do suposto desvio de fundos do Petrocaribe, o acordo pelo qual a Venezuela fornece petróleo em condições favoráveis a vários países caribenhos.


Uma auditoria revelou irregularidades entre 2008 e 2016 neste programa, que envolvem 15 ex-ministros e atuais funcionários, assim como uma empresa que Moise dirigia antes de ser presidente.

Protestos contra o aumento do preço da gasolina acabaram se tornando violentos, com postos sendo saqueados, pelo menos 7 mortes e dezenas de pessoas feridas.


O então primeiro-ministro do país, Jack Guy Lafontant, renunciou ao cargo em 2018.

Em 2019, a situação continuou tensa, com a desvalorização do gourde, a moeda oficial, elevada inflação, e crise de eletricidade derivada da escassez de gasolina. Grupos de oposição e líderes populares incentivaram que a população voltasse às ruas.


Agora em 2021, o presidente Jovenel Moise se recusou a deixar o cargo em fevereiro, alegando que seu mandato só terminaria em 2022. O Conselho Superior do Poder Judiciário do Haiti confirmou que o mandato teria fim no dia 7 de fevereiro deste ano, mas ele não deixou o cargo. A situação fez manifestantes voltaram às ruas pedindo a saída do presidente.

Sem vacina

Além das crises políticas e econômicas, o país também sofre com a pandemia do novo coronavírus. O Haiti é o único país da América que não começou a campanha de vacinação contra a covid-19 até agora e o número de casos está subindo, depois de reportar a chegada das variantes Alfa (vinda do Reino Unido) e Gama (a cepa brasileira). Na última quarta-feira (30), o país bateu o recorde de mortes diárias, com 11 óbitos.

O Haiti aprovou que o setor privado importasse as vacinas e deve receber 130 mil doses da vacina de Oxford em meados de julho, segundo um comunicado do Ministério da Saúde em junho.

No país, a maioria das pessoas não tem acesso ao sistema básico de saúde e só uma minoria rica terá acesso às vacinas importadas pelo setor privado.

A violência das gangues na capital, Porto Príncipe, está complicando a luta contra a pandemia. Há registros de gangues e grupos armados invadidno casas e expulsando os moradores, o que forçou centenas de famílias a buscarem refúgios em abrigos improvisados e sem estrutura para evitar a propagação da doença.

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