Ataque da Argélia a campo de gás com reféns mata 49 pessoas, dizem sequestradores
Grupo radical islamita sequestrou vários estrangeiros na Argélia por causa da invasão francesa no Mali
Internacional|Do R7, com agências internacionais

Pelo menos 34 sequestrados e 15 islamitas morreram no bombardeio que o Exército argelino realizou nesta quinta-feira (17) ao campo de gás onde foram feitos reféns mais de 40 argelinos e europeus, informou hoje a agência privada da Mauritânia ANI, que cita um dos sequestradores.
A emissora de TV sediada no Qatar Al Jazeera divulgou uma informação semelhante, citando suas próprias fontes. Um morador da região, que pediu anonimato, disse que muitas pessoas morreram e que havia vários corpos no local.
"Vamos manter o resto dos reféns e os mataremos se o Exército argelino se aproximar", disse o porta-voz do grupo islamita que controla o cativeiro.
Ele acrescentou que o chefe do comando, identificado como Abulbaraa, está entre os mortos. Abulbaraa foi o porta-voz do grupo nas últimas horas.
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O novo porta-voz, cuja identidade ainda é desconhecida, explicou que os sequestradores tentavam transportar parte dos reféns a um lugar mais seguro, a bordo de veículos do grupo que administra as jazidas de gás, quando a aviação argelina bombardeou o comboio.
Ainda não se sabe a nacionalidade dos reféns que, segundo o porta-voz, morreram.
O sequestrador não fez nenhuma alusão à fuga de 30 reféns do cativeiro, informação divulgada hoje por fontes oficiais argelinas. Ele também não especificou o número total de reféns que ainda estão nas mãos dos sequestradores.
O governo argelino não se pronunciou sobre as possíveis mortes, informando apenas que a operação libertou quatro reféns estrangeiros, disse a agência estatal APS.
O sequestro
O sequestro começou na madrugada de quarta-feira (16) em um sítio gasífero operado pelas empresas Sonatrach, da Argélia, com as companhias British Petroleum, britânica, e Statoil, norueguesa, em Tiganturin, a 40 km de In Amenas, não muito longe da fronteira com a Líbia.
Estima-se que 41 estrangeiros tenham sido feitos reféns na ocasião, entre eles americanos, franceses, britânicos e japoneses.
Com o sequestro no deserto argelino, os combatentes islâmicos abriram uma frente internacional na guerra civil malinesa. Desde o fim de semana, tropas francesas atacam rebeldes islâmicos que tomaram o controle do norte do Mali, justamente onde o país faz fronteira com o sul da Argélia.
Liderado por argelinos com atuação anterior em guerrilhas no Afeganistão, o chamado "Batalhão de Sangue" exigiu que a França suspenda a ação militar contra militantes islâmicos no norte do Mali, uma operação que tem o aval de aliados ocidentais e africanos que temem que a rede terrorista Al Qaeda esteja construindo um refúgio no Saara, aproveitando os inúmeros combatentes e armas que entram no norte do continente, em 2011, durante a guerra entre rebeldes e as forças do regime líbio de Muammar Gaddafi.