Avô da nova chefe do serviço secreto britânico atuou como espião nazista, diz jornal
Documentos revelam que Blaise Metreweli, primeira mulher a liderar o MI6, é supostamente neta de um colaborador nazista
Internacional|Do R7

Blaise Metreweli, que fez história neste mês ao se tornar a primeira mulher chefe do Serviço Secreto de Inteligência Britânico, o MI6, é supostamente neta de um antigo espião nazista. A informação foi divulgada pelo tabloide britânico Daily Mail.
Segundo arquivos alemães vistos pelo tabloide, o avô de Metreweli era Constantine Dobrowolski, um ucraniano que desertou do exército soviético para se tornar um espião, conhecido como “O Açougueiro”, do regime nazista durante a Segunda Guerra Mundial.
Leia mais
Blaise Metreweli, de 48 anos, tem um currículo impressionante. Extremamente inteligente, ela cresceu em um lar multilíngue em Hong Kong, onde foi criada pelo pai, Constantine Metreweli, um veterano militar britânico e renomado radiologista.
Formada em antropologia pelo Pembroke College, em Cambridge, ela ingressou no MI6 em 1999, aos 22 anos. Desde então, sua trajetória foi marcada por operações sigilosas na Europa e no Oriente Médio, além de um cargo sênior no MI5, a agência de contrainteligência britânica.
No entanto, documentos descobertos em Freiburg, na Alemanha, e revelados pelo Daily Mail, mostram que o avô paterno de Metreweli, Constantine Dobrowolski, foi um colaborador nazista na região de Chernihiv, na Ucrânia.
Apelidado de “Agente nº 30” pelos comandantes da Wehrmacht, ele desertou do Exército Vermelho em 1941 e se tornou um informante de alto escalão para os nazistas. Os arquivos revelam que ele participou de atos violentos.
Segundo o tabloide, Dobrowolski teve papel no Holocausto e na execução de combatentes da resistência ucraniana. Há também relatos de saques a vítimas do extermínio contra os judeus e tolerância a agressões sexuais contra prisioneiras.
Herança marcada por conflitos
Blaise Metreweli nunca conheceu seu avô, que permaneceu na Ucrânia ocupada pelos nazistas enquanto sua família — a esposa, Barbara, e o filho recém-nascido, Constantine Jr. — fugiu do avanço soviético em 1943, segundo o Daily Mail.
Após a guerra, Barbara chegou à Grã-Bretanha, onde se casou novamente, desta vez com David Metreweli, de origem georgiana. Constantine Jr., pai de Blaise, adotou o sobrenome do padrasto, Metreweli, possivelmente para ocultar o passado sombrio da família.
Os soviéticos ofereceram uma recompensa de 50.000 rublos (cerca de R$ 1,5 milhão hoje) por Dobrowolski, rotulando-o como “o pior inimigo do povo ucraniano”. Seu último registro nos arquivos alemães é de agosto de 1943, pouco antes da retomada de Chernihiv pelo Exército Vermelho.
Presume-se que ele tenha morrido durante a queda da Alemanha nazista, embora um documento soviético de 1969 sugira que ele poderia ter escapado, levantando especulações sobre o destino do espião.
Propaganda russa
A revelação sobre o avô de Metreweli já está sendo explorada por apoiadores do Kremlin, que, segundo o Daily Mail, tentam retratar ucranianos e aliados ocidentais como “nazistas” desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022.
Beka Kobakhidze, historiador da Universidade Estadual de Ilia, na Geórgia, alertou que a história familiar de Metreweli pode se tornar “munição” para a propaganda russa. “É apenas uma questão de tempo até que o Kremlin explore isso”, disse ao tabloide.
Apesar disso, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores britânico afirmou que Blaise Metreweli não conheceu seu avô e que sua herança complexa a motivou a proteger o Reino Unido de ameaças modernas.
“É justamente essa ascendência marcada por conflitos que reforça seu compromisso em prevenir conflitos e proteger o público britânico”, disse o porta-voz.
Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp
