Boeing omitiu falhas e é culpada por acidentes com 737 Max, dizem EUA
A Comissão de Transportes do Congresso dos Estados Unidos publicou um relatório no qual afirma que a empresa não foi 'transparente'
Internacional|Ansa
A empresa norte-americana Boeing omitiu informações e defeitos dos aviões do modelo 737 Max e é a responsável por dois acidentes aéreos que mataram mais de 340 pessoas, concluiu a Comissão de Transportes do Congresso dos Estados Unidos em relatório divulgado nesta quarta-feira (16).
Conforme o documento, os acidentes aéreos "não foram resultado de uma falha única, [...] mas resultado de uma série de suposições técnicas erradas por parte dos engenheiros da Boeing, de falta de transparência da administração da Boeing e também de insuficiente supervisão da Comissão Federal de Aviação [FAA]".
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A "falta de transparência" citada refere-se ao fato de que nem as autoridades e nem os pilotos foram informados dos possíveis problemas do modelo - o que no caso das primeiras, foi um "grosseiro" erro na avaliação da aeronave. O texto ainda acusa a FAA de estar mais preocupada em "agradar" os diretores da empresa do que em fazer uma "supervisão apropriada" dos novos modelos desenvolvidos.
Os voos com os aviões 737 Max foram suspensos em março de 2019, após o segundo acidente com o tipo de aeronave em menos de seis meses, e a produção foi suspensa no fim do mesmo ano. A pressão pela paralisação acabou sendo provocada por diversos governos nacionais, que fecharam os seus espaços aéreos para voos que usassem esse tipo de modelo.
Acidentes fatais
Em 29 de outubro de 2018, a queda de um voo da companhia aérea Lion Air, na Indonésia, matou as 189 pessoas que estavam a bordo. Já no dia 10 de março de 2019, um avião da Ethiopian Airlines caiu pouco após decolar do aeroporto de Adis Abeba, capital da Etiópia, matando as 157 pessoas que estavam na aeronave.
Em janeiro deste ano, a Boeing entregou para a comissão do Congresso um série de mensagens internas dos funcionários sobre o desenvolvimento do 737 Max.
À época, o jornal "The New York Times" mostrou que uma das conversas entre os colaboradores dizia que o modelo tinha sido "projetado por palhaços e supervisionado por macacos". Em outro ponto da conversa, um deles afirma que "ainda não foi perdoado por Deus" pelo que ele dizia ter "escondido".
Em nota, a empresa norte-americana informou que "aprendeu lições difíceis como empresa com os acidentes e também com os erros que cometemos" e reforçou que cooperou com as autoridades norte-americanas na investigação.