Brasileiros contam como é a vida na Finlândia, país mais feliz do mundo
Educação, saúde e segurança são as qualidades apontadas por quem trocou o clima tropical pelo país nórdico, considerado o mais feliz do mundo
Internacional|Carolina Vilela, do R7*
A busca por qualidade de vida, educação, casamento e trabalho foram os principais motivos para os brasileiros entrevistados pelo R7 terem trocado um país tropical por um país nórdico, de povo e clima “gelado”.
Em 2017, o PIB (produto interno bruto) brasileiro era maior que o finlândes. O Brasil somava U$ 2,056 trilhões (equivalente a mais de R$ 7 trilhões) enquanto a Finlândia tinha U$ 251,9 bilhões.
O país mais feliz do mundo
A Finlândia foi eleita o país mais feliz do mundo por uma pesquisa realizada em colaboração com a ONU (Organização das Nações Unidas) pela segunda vez em 2019. O estudo considera vários índices sociais como educação e segurança, algo que foi confirmado pelos brasileiros que se mudaram para lá.
“A educação é algo fascinante e que realmente impressiona. O mundo inteiro vem para cá para descobrir o que fazemos”, afirmou a administradora de empresas, professora e intérprete Ayla Patricia Huovi, 40, que mora na Finlândia há 14 anos.
Para Ayla, a principal diferença entre os finlandeses e os brasileiros é o posicionamento perante o mundo e a sociedade.
Segundo ela, o finlandês tem um censo político, de direitos e deveres muito apurado. “As pessoas aqui lutam pelos seus direitos, pelo meio ambiente. O cidadão finlandês sabe que ele fará a diferença e não o governo”, diz.
Já para Erverson Luiz Silva de Souza, 35, morador de Helsinque há um ano, o que mais o chocou foi a independência das crianças no país. “Com 7, 8 anos, as crianças pegam o ônibus e vão para à escola sozinhas”, afirma.
Erverson, um homem negro e natural de Recife, que já morou em países como Espanha, França, Alemanha e Inglaterra, relatou que a Finlândia é o país europeu onde menos teve problemas por conta da sua cor.
“Uma vez a polícia me parou, eu logo levantei as mãos, mas eles pediram para eu me acalmar porque só iriam fazer um teste de álcool”, disse.
“A primeira vez que eu saí para jogar bola, vi um símbolo nazista pichado na parede, mas tirando isso, aqui foi o lugar na Europa que menos tive problema”, contou o recifense.
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Satisfeitos, sim, felizes, não
Apesar de ressaltar as vantagens de morar no considerado “país mais feliz do mundo”, Ayla não concorda com o título. “Satisfeitos, sim, felizes, não. Um povo que é conhecido na Europa inteira pelo alcoolismo e alto índice de suicídios não pode ser classificado como um povo feliz. Você acha que as pessoas aqui ficam tão felizes que se enchem de tédio e resolvem beber até cair ou se matar?", questiona.
A Finlândia é conhecida como o país com o maior índice de suicídio da União Europeia. Um estudo de 2018, assinado pelo Conselho de Ministros Nórdicos e do Instituto de Pesquisa da Felicidade de Copenhague, chamado Na Sombra da Felicidade, constatou que o suicídio foi a causa da morte de 35% dos jovens naquele ano.
Para a professora Maria de Lourdes Kuismanen da Silva, 50, que mora na Finlândia há cinco anos, os motivos do alto índice de suicídios são o frio e a escuridão. “No inverno e no outono, temos escuridão a maior parte do tempo”, explicou.
Calor brasileiro faz falta
Mesmo com os relatos das maravilhas da Finlândia, um ponto em comum entre os brasileiros entrevistados pelo R7 é a saudade do calor brasileiro, tanto o climático quando o das pessoas.
“Sinto falta de abraçar as pessoas logo na primeira vez que as conheço”, confessou a gerente de uma empresa de desenvolvimento de software Tatiana Abreu-Romu, 34, que acabou de ter seu primeiro filho no país.
"Eles são um pouco fechados. Não são de rir muito. No inverno, você sai para jogar o lixo na rua e diz 'olá' ou alguma coisa do tipo e eles não respondem", contou Erverson.
*Estagiária do R7 sob supervisão de Cristina Charão