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Brics defendem que Venezuela resolva crise sem intervenção

Chanceleres dos países que fazem parte do  bloco — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul — se encontraram no Rio de Janeiro

Internacional|Da EFE

Ministros das Relações Exteriores dos Brics se encontraram no Rio de Janeiro
Ministros das Relações Exteriores dos Brics se encontraram no Rio de Janeiro

Os chanceleres dos países que fazem parte do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) concordaram nesta sexta-feira (26) que as soluções para a crise na Venezuela devem ser encontrada pelos próprios venezuelanos, de forma constitucional e pacífica, sem intervenções externas.

As conclusões da reunião foram resumidas pelo ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em entrevista coletiva posterior ao encontro de hoje, realizado nesta sexta-feira na antiga sede do Itamaraty, no Rio de Janeiro.

Segundo Araújo, apesar das divergências claras entre os membros dos Brics sobre a situação da Venezuela — o Brasil reconheceu o opositor Juan Guaidó como presidente interino, enquanto russos e chineses apoiam Nicolás Maduro —, a reunião serviu para destacar pontos em comum entre os cinco países.

Brasil concordou com Rússia


Antes da entrevista coletiva, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, se opôs a qualquer intervenção estrangeira na Venezuela. Perguntado sobre as declarações do chanceler russo, Araújo demonstrou estar de acordo com a posição do Kremlin.

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"A posição que a solução (para a crise) tem que ser construída pelos venezuelanos também é a nossa", afirmou Araújo.


"Defendemos a não interferência e o respeito à Constituição da Venezuela, que foi o que permitiu Juan Guaidó assumir como presidente", continuou o ministro.

Crise da Venezuela divide Brics


A crise da Venezuela é um divisor de água dentro dos BRICS. O Brasil, junto com vários países da América Latina, pressiona o governo de Maduro por meio do Grupo de Lima. Já Rússia e China mantém apoio ao regime chavista.

"Não temos nenhum tipo de intervenção a não ser a ação diplomática. O Brasil, em conjunto com o Grupo de Lima, promove uma ação de apoio ao governo legítimo da Venezuela sem nenhum tipo de intervenção", disse Araújo.

Para o chanceler brasileiro, a diferença do Grupo de Lima para os BRICS é que o bloco regional entende que a solução para a crise da Venezuela é apoiar uma transição democrática liderada por Guaidó, o presidente do parlamento do país.

"Por isso, a solução seria basicamente uma transição democrática e a convocação de eleições, mas tudo organizado pelos venezuelanos. Nossa ação é apenas de apoio ao que consideramos como governo legítimo da Venezuela e de apoio aos procedimentos para pôr fim à usurpação e iniciar uma transição para a democracia", disse Araújo.

Araújo pediu que Brics 'ouçam gritos dos venezuelanos'

No discurso durante a reunião, Araújo pediu aos demais membros do BRICS que ouçam os gritos do povo venezuelano por liberdade e democracia.

"No processo de construção de uma região democrática e de economias abertas na América Latina não podemos deixar de ouvir hoje um grito que pede liberdade. Esse grito vem da Venezuela, do todo venezuelano. Toda a comunidade internacional precisa ouvir esse grito, entendê-lo e agir", afirmou.

"O Brasil ouviu esse grito e peço a todos os senhores que também o façam. Na Venezuela, há de um lado um governo constitucionalmente estabelecido e de outro um regime sustentado na força, que produz miséria e sofrimento de seu povo e que causou o êxodo de 4 milhões de venezuelanos", acrescentou Araújo.

Poucos minutos depois, o chanceler russo respondeu Araújo e defendeu os direitos dos venezuelanos de resolverem a crise de forma constitucional, sem a interferência de outros países da região.

"Precisamos nos basear nas leis internacionais e dar apoio para que os venezuelanos cheguem a uma solução dos seus problemas sem interferência externa e sempre dentro da Constituição", disse Lavrov.

"Precisamos de respeito mútuo e de respeito à lei internacional e aos princípios de soberania, não-intervenção e não ameaça do uso da força. Tudo isso se aplica à nossa posição sobre a Venezuela", completou o ministro russo.

Araújo disse que foi importante discutir o assunto com países com uma "percepção um pouco diferente", mas destacou que, dentro do BRICS, o Brasil é o único mais próximo ao conflito.

"Acho que há terreno para uma aproximação com um país que não vê o assunto da nossa forma", disse o chanceler brasileiro, ressaltando a necessidade de entender as perspectivas de outros para buscar um entendimento comum.

Para o chanceler, além da "conversa franca" desta sexta-feira, o Brasil insistirá em buscar um entendimento com a Rússia durante um evento organizado no Peru em agosto.

Além de Araújo e Lavrov, participaram na reunião realizada hoje os chanceleres da Índia, Subrahmanyam Jaishankar, da China, Wang Yi, e da África do Sul, Naledi Pandor.

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