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Em visita ao Brasil, ministro russo deve tratar Venezuela 'com cautela'

Sergei Lavrov chega em Brasília nesta 5ª feira. Tendência é que autoridades dos dois lados evitem declarações incisivas sobre regime de Nicolás Maduro

Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7

Lavrov participa da reunião de chanceleres dos Brics
Lavrov participa da reunião de chanceleres dos Brics Lavrov participa da reunião de chanceleres dos Brics (POOL/REUTERS)

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, desembarca nesta quinta-feira (25) no Brasil como parte de uma excursão latino-americana que se estende até o sábado (27).

No Brasil, Lavrov participa da reunião de ministros das Relações Exteriores do grupo Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Um dos assuntos que certamente estarão em pauta no encontro é a situação na Venezuela — que, até agora, suscitou posicionamentos bastante divergentes dos governos de Vladimir Putin e Jair Bolsonaro.

Enquanto Brasília diz apoiar a presidência interina de Juan Guaidó — principal figura da oposição a Nicolás Maduro e líder da Assembleia Nacional venezuelana —, Moscou insiste que a situação "deve ser resolvida pelo povo venezuelano mediante o diálogo, consultas e a interação entre as diversas forças políticas”. Putin, inclusive, chegou a chamar de “loucas” as nações que apoiam Guaidó.

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Abordagem ‘com cautela’

Para o pesquisador Vicente Ferraro, do Laboratório de Estudos da Ásia do Departamento de História da USP (Universidade de São Paulo), a Venezuela será um tópico abordado com cautela pelos dois lados.

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“Eu acredito que ambas as partes devem evitar fazer declarações polêmicas que possam suscitar divergências. Mesmo na cúpula do G20 em junho, Bolsonaro já admitiu que evitou fazer declarações incisivas sobre a Venezuela para não entrar em polêmicas com Putin e a Rússia – uma ‘potência nuclear’, nas suas próprias palavras.”

Os representantes de Brasil e Rússia devem recorrer a declarações genéricas sobre a necessidade de se encontrar uma solução multilateral para a crise no vizinho sul-americano, mas sem “estabelecer qualquer medida concreta”, na opinião do professor.

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Discussão de acordos econômicos

Vale lembrar que, depois da cúpula dos chanceleres, os presidentes dos Brics também se encontram em novembro — quando, de novo, a tendência é que se passe ao largo das questões políticas. “Provavelmente, a cúpula dos presidentes será voltada à discussão de acordos econômicos, de cooperação tecnológica no setor energético e de desenvolvimento de infraestrutura”, aponta Ferraro.

O custo de um confronto político com o governo russo — não só no que diz respeito à Venezuela — poderia sair caro para o Brasil. “A Rússia é um dos maiores compradores da carne brasileira. Eles também importam café, soja, fumo e açúcar daqui”, lembra o pesquisador.

Dados do Ministério da Economia brasileiro apontam que, em 2019, o Brasil já exportou o equivalente a US$ 855.530.378,00 (mais de R$ 3,2 bi) à Rússia. Os russos, por sua vez, exportaram o equivalente a US$ 1.590.230.601,00 (mais de R$ 5,975 bi) para o Brasil.

“As exportações brasileiras estão abaixo das registradas no início dos anos 2000, mas o comércio bilateral ainda fica na casa de US$ 5 bi (cerca de R$18,7 bi) anuais”, pondera Vicente Ferraro.

Termômetro para os próximos anos

Lavrov fica no Brasil até o dia 26 de julho, quando parte rumo ao Suriname para a última etapa de sua viagem latino-americana. Embora seja ainda cedo para fazer previsões sobre como será a relação entre Brasil e Rússia sob o governo Bolsonaro, é possível que a passagem do chanceler russo funcione como um termômetro para as conversas dos próximos anos.

”Ao que tudo indica, as lideranças de Brasil e Rússia evitarão adentrar temas políticos ou geopolíticos que possam acirrar divergências e buscarão ressaltar tópicos comerciais e de cooperação na área de tecnologia”, conclui o pesquisador.

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