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Caçador de furacões diz que Dorian foi excepcional e não cabe na escala

Para especialista, o furacão que destruiu as Bahamas em setembro deveria ser considerado de categoria 6, acima das que existem na escala atual

Internacional|Fábio Fleury, do R7


Visto do espaço, Dorian era uma das maiores tempestades já registradas
Visto do espaço, Dorian era uma das maiores tempestades já registradas

No início de setembro, o furacão Dorian chegou às Bahamas e, durante pouco mais de um dia, castigou as ilhas Ábaco com ventos constantes de cerca de 290 km/h e rajadas de até 350 km/h. Nesse período, causou prejuízos calculados em US$ 7 bilhões (cerca de R$ 28 bilhões) e matou pelo menos 58 pessoas.

Leia também: Por que o furacão Dorian se move mais devagar que uma pessoa andando

Durante 27 horas, Dorian foi registrado como um furacão categoria 5 na escala Saffir-Simpson mas, para o ex-caçador de furacões e meteorologista Jeff Masters, causou tamanho estrago e com tanta força, que ele deveria fazer especialistas reavaliarem a própria escala.

Nova categoria


Em um artigo no site Scientific American, Masters afirma que a categoria 5, a mais forte na Saffir-Simpson, parece ser incapaz de descrever o potencial destrutivo de uma tempestade como Dorian. O principal motivo, segundo ele, é que a 5 começa com ventos de 252 km/h, bem abaixo do que aconteceu nas Bahamas.

"Apenas 7% dos 243 furacões observados por satélite no Atlântico desde que as medições mais precisas começaram em 1983 chegara à categoria 5. E é realmente excepcional ver um furacão tão forte quanto Dorian, (...) com ventos de 297 km/h e rajadas de até 354 km/h. Ventos com essa intensidade fariam Dorian merecer uma categoria 6, se ela existisse", escreveu Masters.


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Categoria exclusiva

Ele destaca também que apenas um furacão registrado na história ultrapassaria uma eventual categoria 6 para atingir a categoria 7, com ventos constantes de 345 km/h caso a escala Saffir-Simpson fosse atualizada: o ciclone Patrícia, que em outubro de 2015 chegou a essa intensidade no oceano Pacífico.


Além disso, Masters ressalta que, se ventos de 289 km/h forem o limite mínimo para a categoria 6, apenas 8 furacões já registrados estariam nela: Dorian, Irma (2017), Rita (2005), Wilma (2005), Mitch (1998), Gilbert (1988), Allen (1980) e o da Flórida em 1935. Mas a força dos ventos não é o único problema, segundo ele.

Danos catastróficos

Dorian deixou danos bilionários nas Bahamas
Dorian deixou danos bilionários nas Bahamas

"Dorian causou danos catastróficos, graças em parte ao seu deslocamento lento, de menos de 8 km/h, sobre as Bahamas durante as 27 horas em que ele esteve na categoria 5. Esse deslocamento e sua extrema intensidade fizeram com que as Bahamas fossem castigadas da maneira mais intensa e prolongada por um furacão do Atlântico já registrada na história", avalia.

Isso pode ser visto nas avaliações preliminares do estrago causado pela tempestade: os prejuízos calculados em US$ 7 bilhões (cerca de R$ 28 bilhões) equivalem a mais da metade do PIB das Bahamas, que foi de US$ 12 bilhões (cerca de R$ 48,6 bilhões) em 2017.

Revisão na escala

Para o especialista, uma revisão na classificação de tempestades de grande intensidade pode ser necessária por conta das mudanças climáticas. "É necessário chamar a atenção para essa nova geração de furacões catastróficos e ultra intensos que devem se tornar mais e mais comuns nas próximas décadas", diz ele.

Masters tem experiência no assunto. Durante quatro anos, ele fez parte da tripulação do avião caça-furacões da NOAA (sigla em inglês para Administração Oceânica e Atmosférica Nacional). Depois, foi editor de diveros sites e sistemas de monitoramento meteorológico nos EUA.

Veja abaixo como ficaram as Bahamas depois da passagem do furacão Dorian

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