China adotará política de tolerância zero com as 'atividades separatistas' em Taiwan
Pequim realizou, durante vários dias, manobras militares ao redor da ilha após a visita da americana Nancy Pelosi à região
Internacional|Do R7
A China afirmou que adotará política de tolerância zero com as "atividades separatistas" em Taiwan e insistiu que retomará a ilha pela força, se necessário, de acordo com um livro branco publicado nesta quarta-feira (10).
A Questão de Taiwan e a Reunificação da China na Nova Era, o livro publicado pelo Escritório de Assuntos de Taiwan do Conselho de Estado chinês, define como Pequim pretende tomar a ilha por meio de incentivos econômicos e pressão militar.
"Estamos preparados para criar um vasto espaço para a reunificação pacífica, mas não deixaremos espaço para atividades separatistas de nenhuma forma", destaca o documento.
A advertência de Pequim foi divulgada após vários dias de manobras militares chinesas ao redor de Taiwan, organizadas em resposta à visita a Taipé da presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi.
A congressista se tornou na semana passada a principal autoridade americana a visitar Taiwan em décadas, apesar da ameaça de represálias da China, que busca manter Taipé isolada do cenário mundial.
"Trabalharemos com a maior sinceridade e faremos todo o possível para alcançar a reunificação pacífica. Mas não renunciaremos ao uso da força e nos reservamos a opção de adotar todas as medidas necessárias", ressalta o livro branco.
"Isso é para nos proteger contra a interferência externa e todas as atividades separatistas. De nenhuma maneira tem como alvo nossos compatriotas chineses em Taiwan. O uso da força será o último recurso tomado em circunstâncias terríveis", acrescenta.
A edição anterior do livro branco sobre Taiwan havia sido publicada pela China no ano 2000.
Desde a década de 1990, a ilha passou de uma autocracia para uma democracia vibrante e desenvolveu uma identidade taiwanesa particular.
As relações entre as duas partes pioraram desde 2016, quando chegou ao poder a atual presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen.
Tsai e seu Partido Progressista Democrático não consideram Taiwan parte da China.
Sua plataforma se encaixa na definição do que a China considera separatismo taiwanês, que também inclui aqueles que desejam que a ilha tenha uma identidade separada do território continental.
Temor de invasão
O livro branco chinês promete a Taiwan prosperidade econômica, assim como "mais segurança e dignidade" depois da "reunificação".
Mas a oferta foi divulgada depois do maior exercício militar que a China organizou ao redor da ilha, inclusive com simulações de bloqueio.
As manobras geraram o temor de que as autoridades comunistas chinesas estariam preparando uma invasão.
Os exercícios deveriam ter acabado no domingo (7), mas prosseguiram durante a semana, sem um anúncio sobre a data de encerramento.
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O Exército Popular de Libertação (EPL) revelou nesta quarta-feira detalhes dos exercícios executados na véspera ao redor Taiwan.
O comando leste do EPL afirmou que as simulações desta terça-feira (9) se concentraram em estabelecer domínio aéreo, liberar vídeos e fotos dos aviões de combate ao decolar e realizar manobras, como reabastecer em pleno voo com um avião-tanque.
Taiwan acusa a China de utilizar a visita de Pelosi como pretexto para treinar uma invasão.
A ilha executou os próprios exercícios militares para contra-atacar uma ação a seu território e divulgou imagens das manobras de seu Exército, Marinha e Aeronáutica.
Os exercícios taiwaneses provocaram outro alerta chinês nesta terça-feira.
Qualquer conspiração para "resistir à reunificação por meio das armas... terminará em fracasso, como um inseto que tenta parar uma carruagem", disse o porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores, Wang Wenbin.