Cidade ucraniana vai de cemitério a céu aberto e símbolo de atrocidades à reconstrução
Três meses após a descoberta de corpos de civis mortos pelas ruas, moradores de Bucha começam a reerguer a região
Internacional|Do R7
Três meses após a descoberta de corpos de civis mortos na rua, a calma retornou à Bucha. Os cadáveres foram os primeiros indícios das atrocidades cometidas durante a ocupação russa no subúrbio no noroeste de Kiev, antes conhecido pela tranquilidade.
Os estigmas dos combates são visíveis em todos os cantos: vidros quebrados, marcas de tiros, buracos nos muros. Ao longo da avenida Vokzalnaya, que liga Bucha a Irpin, imóveis foram destruídos ou ficaram muito danificados: casas, prédios residenciais, lojas e centros comerciais.
Os subúrbios da capital viraram símbolo da brutalidade da invasão russa na Ucrânia e um local de peregrinação para todos os líderes ocidentais que visitam o país.
"Vamos reconstruir tudo", prometeu o primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, em 16 de junho em Irpin, ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, e do chanceler alemão, Olaf Scholz.
Líderes de vários países e organizações internacionais se reúnem nesta segunda e terça-fera em Lugano, na Suíça, para traçar o roteiro do plano que deve acelerar a reconstrução da Ucrânia, uma tarefa que pode custar centenas de bilhões de dólares.
Entretanto a reconstrução não parecer ser, no momento, a maior preocupação dos moradores de Bucha. Muitos destacam que, apesar da calma ter retornado à região de Kiev, a guerra não dá trégua em outras áreas da Ucrânia, como por exemplo no leste e no sul do país. E o medo de uma nova ofensiva russa está na mente de todos.
Nos últimos dias aumentaram os boatos de um ataque iminente a partir de Belarus, cuja fronteira fica a 100 quilômetros ao norte.
Os temores são alimentados por declarações do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko, principal aliado de Vladimir Putin, que no sábado acusou a Ucrânia de lançar mísseis contra seu país e ameaçou responder.
Leia também
"Nós deitamos sem saber se vamos acordar amanhã", conta Vera Semeniuk, uma aposentada de 65 anos. "Todos voltaram e estão começando a reparar as casas, muitos estão colocando janelas novas. Seria terrível se os ataques voltassem a acontecer e tivéssemos que deixar tudo de novo".
"Certamente esperamos que os países estrangeiros nos ajudem a reconstruir ", afirma. "Mas nossa principal esperança é que nossos militares conquistem a vitória com o apoio e as armas enviadas do exterior".