Colômbia: ex-líder das Farc que será parlamentar é libertado
Conhecido como 'Jesús Santrich', ex-líder guerrilheiro é colocado em liberdade a pedido do Ministério Público; ele irá assumir mandato no Congresso
Internacional|Da EFE
O Ministério Público da Colômbia libertou nesta quinta-feira (30) um dos ex-líderes das Farc, Seuxis Paucias Hernández, de codinome Jesús Santrich, em acatamento a uma ordem da Suprema Corte de Justiça, que considerou que o ex-guerrilheiro goza de "privilégio" por ter sido designado congressista.
"Neste momento, o Ministério Público dá cumprimento à decisão da Suprema Corte de Justiça a respeito do senhor Seuxis Paucias Hernández Solarte. O procedimento é acompanhado com medidas de segurança da União Nacional de Proteção", afirmou a entidade em mensagem na sua conta do Twitter.
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Um dos advogados de Santrich, Gustavo Gallardo, disse a jornalistas que o ex-guerrilheiro saiu da sede do Ministério Público em Bogotá, onde estava detido desde o último dia 17 de maio, a bordo de uma caminhonete em direção à sede do agora partido Farc.
Segundo o Farc, é provável que, depois de se reunir com seus companheiros, Santrich se dirija ao Congresso para assumir a cadeira como membro da Câmara dos Representantes, uma das cinco que foram destinadas à antiga guerrilha por um período de oito anos em virtude do acordo de paz assinado em 24 de novembro de 2016.
Em uma foto publicada na plataforma "Santrich Libre" é possível ver o ex-chefe da guerrilha em um veículo acompanhado dos senadores Iván Cepeda, do partido de esquerda Polo Democrático Alternativo, e Pablo Catatumbo, do partido Farc.
A Suprema Corte de Justiça ordenou ontem a libertação de Santrich, que estava detido por narcotráfico e cuja extradição é solicitada pela Justiça dos Estados Unidos.
O alto tribunal considerou que o ex-líder da extinta guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) tem privilégios apesar de não ter tomado posse como congressista no último dia 20 de julho, justamente por estar detido desde três meses antes.
Santrich foi detido pelo Ministério Público em 9 de abril de 2018 com base em uma circular vermelha da Interpol a pedido dos Estados Unidos, cuja Justiça o acusa de ter um acordo para exportar dez toneladas de cocaína a esse país depois que as Farc assinaram o acordo de paz com o governo colombiano.
Caso os crimes pelos quais é acusado tenham ocorrido depois da assinatura da paz, Santrich perderia os benefícios da justiça transicional e seu caso passaria à justiça comum.
No entanto, no último dia 15 de maio, a Justiça Especial para a Paz (JEP) lhe concedeu a garantia de não extradição e ordenou ao Ministério Público sua libertação imediata.
Dois dias depois, Santrich saiu da prisão em uma cadeira de rodas, mas, em seguida, agentes do Corpo Técnico de Investigação (CTI) do Ministério Público lhe leram uma nova ordem de detenção e o prenderam alegando que contavam com novas provas contra o ex-guerrilheiro.