Como a Coreia do Norte conseguiu fazer uma produção em massa de mísseis?
Especialistas avaliam que a automação foi decisiva para corrigir falhas que limitavam os programas bélicos do regime
Internacional|Do R7
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A Coreia do Norte consolidou nos últimos anos um sistema de fabricação de mísseis em larga escala, apoiado em automação industrial e na modernização de processos de usinagem. A mudança reduziu a dependência de mão de obra manual, aumentou a precisão dos componentes balísticos e acelerou a capacidade do regime de produzir armas nucleares e convencionais, apesar das sanções internacionais.
Em visita a uma fábrica de mísseis no fim de agosto, o líder do regime Kim Jong-un percorreu linhas de montagem automatizadas. Segundo a Agência Central de Notícias da Coreia do Norte, os equipamentos realizam processamento de precisão, medição e montagem de peças, além de incluir estações de controle de qualidade. A mídia estatal destacou que o novo sistema garantiu aumento da produtividade.
Especialistas avaliam que a automação foi decisiva para corrigir falhas que limitavam os programas bélicos do país.
“Para algo tão complexo e explosivo como um míssil, pequenas diferenças nos componentes podem levar a uma desmontagem rápida e não programada. Seu míssil pode simplesmente explodir porque um parafuso que deveria ter esse tamanho é, na verdade, um pouco menor porque o operador do torno tem uma ideia diferente da aparência de um parafuso”, disse John Ford, pesquisador do Centro James Martin para Estudos de Não Proliferação, nos Estados Unidos.
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O impulso pela modernização começou ainda sob Kim Jong-il, pai do atual líder, com o investimento em máquinas-ferramenta computadorizadas, conhecidas como CNC.
Inicialmente voltadas para exportação, essas tecnologias foram incorporadas à indústria nacional a partir de 2012, quando Kim Jong-un assumiu o poder e passou a priorizar mísseis e dissuasão estratégica.
Relatos de propaganda já mostravam a presença de equipamentos estrangeiros obtidos de forma clandestina, como uma máquina de cinco eixos de fabricação alemã, usada para turbobombas de motores a combustível líquido.
Em meados da década de 2010, o país desenvolveu uma base doméstica de máquinas CNC e iniciou a modernização sistemática de fábricas, com apoio do Instituto de Automação de Pyongyang.
O resultado foi a melhoria no índice de sucesso dos testes de mísseis, que culminou em 2023 no lançamento do Hwasong-18, considerado um míssil balístico intercontinental capaz de carregar ogiva nuclear.
“Eles podem fazer uma bomba nuclear subir, podem fazê-la percorrer uma distância muito longa e podem fazê-la cair, então isso é tudo o que você precisa”, disse Ford.
Pesquisadores sul-coreanos avaliam que a automação também fortalece a indústria de defesa de forma mais ampla.
“Enquanto as políticas anteriores se concentravam fortemente no desenvolvimento nuclear e de mísseis, a abordagem atual se expandiu para incluir a modernização de sistemas de armas convencionais, inovação em processos de produção e a incorporação de tecnologias avançadas, como sistemas não tripulados e inteligência artificial”, afirmaram Sang-jung Byun e Seungwoo Kim, do Instituto de Estratégia de Segurança Nacional da Coreia do Sul.
Além de reforçar sua capacidade militar, Pyongyang mira o mercado externo. Foguetes norte-coreanos já vêm sendo usados por tropas russas na guerra contra a Ucrânia, e analistas apontam o risco de que os avanços em automação permitam exportações em maior escala. Apesar das restrições impostas pela ONU, a Coreia do Norte mantém uma rede de empresas de fachada para vender armamentos no exterior.
Perguntas e Respostas
Como a Coreia do Norte conseguiu fazer uma produção em massa de mísseis?
A Coreia do Norte estabeleceu um sistema de fabricação de mísseis em larga escala, utilizando automação industrial e modernização de processos de usinagem. Essa mudança reduziu a dependência de mão de obra manual, aumentou a precisão dos componentes balísticos e acelerou a produção de armas nucleares e convencionais, mesmo diante de sanções internacionais.
Qual foi a importância da visita de Kim Jong-un a uma fábrica de mísseis?
Durante uma visita a uma fábrica de mísseis, Kim Jong-un observou linhas de montagem automatizadas. A mídia estatal informou que os equipamentos realizam processamento de precisão, medição e montagem de peças, além de incluir estações de controle de qualidade, resultando em aumento da produtividade.
Como a automação impactou os programas bélicos da Coreia do Norte?
Especialistas afirmam que a automação foi crucial para corrigir falhas que limitavam os programas bélicos do país. John Ford, pesquisador do Centro James Martin para Estudos de Não Proliferação, destacou que pequenas diferenças nos componentes podem causar falhas graves em mísseis, e a automação ajuda a evitar esses problemas.
Quando começou o impulso pela modernização na indústria de mísseis da Coreia do Norte?
O impulso pela modernização começou sob Kim Jong Il, com investimentos em máquinas-ferramenta computadorizadas, conhecidas como CNC. Essas tecnologias foram incorporadas à indústria nacional a partir de 2012, quando Kim Jong Un assumiu o poder e priorizou a produção de mísseis.
Quais tecnologias foram utilizadas na modernização das fábricas?
Relatos indicam que a Coreia do Norte utilizou equipamentos estrangeiros obtidos clandestinamente, como uma máquina de cinco eixos de fabricação alemã. A partir de meados da década de 2010, o país desenvolveu uma base doméstica de máquinas CNC e modernizou suas fábricas com apoio do Instituto de Automação de Pyongyang.
Qual foi o resultado da modernização na produção de mísseis?
A modernização resultou em uma melhoria no índice de sucesso dos testes de mísseis, culminando em 2023 com o lançamento do Hwasong-18, um míssil balístico intercontinental capaz de carregar ogiva nuclear.
Como a Coreia do Norte está expandindo sua indústria de defesa?
Pesquisadores sul-coreanos afirmam que a automação fortalece a indústria de defesa de forma mais ampla, incluindo a modernização de sistemas de armas convencionais e a incorporação de tecnologias avançadas, como sistemas não tripulados e inteligência artificial.
Qual é a estratégia da Coreia do Norte em relação ao mercado externo?
Além de reforçar sua capacidade militar, Pyongyang busca acesso ao mercado externo. Foguetes norte-coreanos já estão sendo utilizados por tropas russas na guerra contra a Ucrânia, e analistas alertam que os avanços em automação podem facilitar exportações em maior escala, apesar das restrições da ONU.
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