Desde que assumiu a presidência do México em outubro de 2024, Claudia Sheinbaum tem surpreendido ao estabelecer uma relação de respeito com o presidente dos EUA, Donald Trump, que voltou a intensificar ataques contra o país vizinho em meio às disputas comerciais entre os dois países. Em uma ligação telefônica no mês passado, Trump reconheceu a postura firme de Sheinbaum e a elogiou: “Você é dura”. As informações são do jornal The New York Times.Diferente de seu antecessor, Andrés Manuel López Obrador, que mantinha uma relação pragmática e amistosa com Trump, Sheinbaum adotou uma abordagem mais técnica e reservada. Cientista de formação e com pouca experiência em política externa antes de assumir a presidência, Sheinbaum rapidamente mostrou capacidade de negociação, especialmente em temas sensíveis para administração de Trump, como segurança na fronteira e combate ao fentanil.Durante a campanha eleitoral nos EUA, Trump ameaçou impor tarifas ao México até que o fluxo de opioides fosse interrompido. No entanto, nos últimos meses, o republicano tem feito elogios públicos a Sheinbaum, chamando-a de “mulher maravilhosa” e destacando sua “grande relação” com ela.Segundo jornais americanos, a presidente mexicana tem impressionado membros-chave da administração Trump, como Stephen Miller, assessor de segurança nacional. Em uma ligação recente, Sheinbaum apresentou dados detalhados sobre ações de combate ao fentanil e reforço na segurança da fronteira. A estratégia surtiu efeito: Trump não apenas elogiou a presidente, como anunciou um adiamento das tarifas previstas contra o México.Outro ponto de inflexão na relação bilateral foi a decisão de Sheinbaum de extraditar 29 membros de cartéis para os Estados Unidos. A medida foi vista como um sinal de que seu governo está disposto a enfrentar o crime organizado de forma direta, algo que agradou Washington. Pouco depois, o celular da presidente mexicana foi hackeado, possivelmente em retaliação à sua ação contra os cartéis, ainda segundo o The New York Times.Apesar da relação diplomática mais equilibrada com Trump, Sheinbaum não abriu mão do discurso nacionalista. Em pronunciamentos, reforçou que “o México não é colônia de ninguém” e que sua cooperação com os EUA não significa subordinação.A estratégia tem dado resultados internos. Seu índice de aprovação no México superou 75% nos últimos meses. Entretanto, o futuro da relação entre os dois países continua incerto.Em abril, uma nova rodada de tarifas americanas pode ser anunciada, e o México já enfrenta impostos adicionais sobre aço e alumínio. Por ora, enquanto Trump continua a atacar o Canadá, Sheinbaum tem conseguido evitar confrontos diretos e garantir espaço de negociação para seu país.