Companhia aérea é processada por expulsar passageira asiática errada após cinco horas no avião
Ação judicial acusa companhia de discriminação racial em voo com desvio e atraso prolongado nos Estados Unidos
Internacional|Do R7

A United Airlines foi processada por ter retirado de um voo uma passageira errada simplesmente por ela ser asiática. O episódio ocorreu em agosto de 2024.
Segundo a ação, o voo 1627, que saiu de Las Vegas para Washington DC, nos Estados Unidos, foi desviado para Baltimore devido a tempestades e granizo que fecharam o aeroporto de destino.
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Durante a paralisação no aeroporto Baltimore-Washington International (BWI), os passageiros permaneceram cinco horas dentro da aeronave, sem permissão para desembarcar. Em meio ao atraso, um dos passageiros – um homem que fazia parte de um grupo de corretores de imóveis – apresentou sintomas de um problema médico, com suor e dor no peito.
Enquanto uma comissária teria desconsiderado a gravidade do caso, classificando-o como um “ataque de pânico”, a corretora Christine Kim, que estava com o homem, interveio para chamar atenção para a situação. Depois de tanto esperar, os passageiros finalmente desembarcaram e foram chamados a reembarcar uma hora depois para completar o voo até Washington.
Foi durante esse reembarque que a confusão ocorreu. Jacquelyn Chiao, sócia de negócios de Christine Kim e sentada sete filas atrás dela, foi surpreendida por agentes da United que a impediram de embarcar, alegando que ela havia empurrado alguém a bordo – uma acusação que ela nega veementemente.
No processo, Chiao relata que permaneceu sentada, lendo seu Kindle durante todo o incidente, e que o único motivo para ser confundida com a suposta agressora seria sua etnia, já que ambas são mulheres asiáticas. Três colegas de trabalho que se recusaram a deixá-la sozinha também foram expulsos do voo e escoltados para fora do aeroporto pela polícia.
A denúncia destaca ainda que a tripulação não anotou o número do assento da passageira acusada, nem recolheu uma descrição detalhada além de “mulher asiática”, evidenciando uma atitude negligente e possivelmente discriminatória. O processo, registrado em 5 de março, requer indenizações compensatórias e punitivas contra a United Airlines.
Um funcionário da companhia, atualmente fora de serviço e com medo de retaliações, ofereceu-se para testemunhar em favor dos passageiros, mas seu nome ainda não foi revelado nos documentos judiciais. A United, por sua vez, já tentou pedir a rejeição parcial do processo, argumentando que as acusações não constituem uma reclamação válida, mesmo se consideradas verdadeiras.
Este não é o primeiro caso envolvendo a United e acusações de discriminação contra passageiros asiáticos. No início de 2024, a companhia acertou um acordo em processo movido por um funcionário de catering de Denver que sofreu assédio e insultos raciais por parte de um supervisor. Em 2017, a empresa também pagou uma indenização milionária após o episódio amplamente divulgado de remoção forçada do médico asiático David Dao, que resultou em ferimentos graves.
Casos similares de discriminação racial em companhias aéreas têm ganhado destaque. No ano passado, oito homens negros foram retirados de um voo da American Airlines sob a alegação de “odor corporal”, mesmo sem se conhecerem ou viajarem juntos. A American solucionou o caso com acordo judicial, demitiu os funcionários envolvidos e revisou procedimentos para remoção de passageiros.
Se as alegações do novo processo forem confirmadas, a postura da tripulação da United, que teria escolhido qualquer mulher asiática para repreender, demonstra que os esforços da companhia para combater a discriminação, especialmente desde 2017, precisam ser revisitados e reforçados.
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