Os candidatos favoritos ao pleito argentino, da esq. para a dir. : Javier Milei, Patricia Bullrich e Sergio Massa
Juan Mabromata e Luis Robayo/AFPQuem é Javier Milei, o disruptivo candidato que abalou o tabuleiro da política argentina? Como Sergio Massa, o atual ministro da Economia, espera manter o partido governista no poder? Conseguirá Patricia Bullrich quebrar as previsões que a deixam fora de um possível segundo turno?
Neste domingo (22), Milei, Massa e Bullrich disputarão a Presidência da Argentina ao lado do atual governador de Córdoba, Juan Schiaretti, representante do peronismo dissidente, e da advogada Myriam Bregman, candidata da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores — os únicos que, assim como os três principais candidatos, superaram a cláusula de barreira de 1,5% dos votos necessária nas primárias de agosto para participar do primeiro turno.
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Confira os cinco candidatos que disputarão neste domingo o primeiro turno (na ordem em que suas legendas foram votadas em agosto):
Javiei Milei, candidato ultraliberal da Argentina
ALEJANDRO PAGNI / AFPDeputado desde 2021 e envolvido na política desde apenas um ano antes, quando manifestou a intenção de disputar a Presidência argentina, este economista libertário, fiel seguidor da escola austríaca e que atuou como assessor de importantes empresas, ficou conhecido em programas de televisão antes de saltar para a arena política.
Fã dos Rolling Stones e ex-goleiro do Chacarita Juniors, ele vive com quatro mastins ingleses e os considera filhos, além de manter Conan, um cachorro falecido, empalhado. Sua parceira é Fátima Florez, uma comediante que imita Cristina Kirchner em suas apresentações. No dia das eleições, Milei completará 53 anos.
Mais votado nas primárias (com 29,86%), Milei defende aplicar uma “motosserra” no Estado, dolarizar a economia, privatizar empresas públicas e eliminar burocracias no acesso a armas ou na doação de órgãos.
Além disso, nega a mudança climática e a existência de 30 mil desaparecidos devido à ditadura militar na Argentina (1976-1983).
Patricia Bullrich é outra forte candidata à corrida presidencial
Juan Ignacio Roncoroni/EFEO partido de centro-direita — cuja referência é o ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019) — foi o segundo mais votado, com 28%, nas primárias, em que esta cientista política de 67 anos venceu o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, para concorrer pela primeira vez à Presidência com ideias como cortar gastos públicos, ser firme contra o crime e lutar contra piquetes e greves de rua.
Foi ministra de Trabalho, Emprego e Formação de Recursos Humanos (2000-2001) e da Segurança Social (outubro-novembro de 2001) no governo do radical Fernando de la Rúa e esteve à frente da pasta da Segurança no governo Macri (2015-2019), período no qual impôs — como agora defende — linha dura para acabar com a criminalidade, e chegou, inclusive, a dizer que “quem quiser andar armado, que ande armado".
Peronista na juventude — chegou a ingressar em um corpo juvenil sob a égide da guerrilha Montoneros —, "La Piba" ou "Pato", como é conhecida, viveu no Brasil e na Espanha no início da ditadura militar e deixou o peronismo no fim dos anos 1990.
Sergio Massa teve apoio de Cristina Kirchner para se candidatar
JUAN MABROMATA/AFP - 04.07.2022Nomeado "superministro" da Economia (depois de absorver três pastas) em julho de 2022, este advogado de 51 anos, com grande ambição e pragmatismo, é considerado o presidente nas sombras destes últimos meses do governo de Alberto Fernández — e bem-visto pelo “sistema” e pelos Estados Unidos.
Entre 2008 e 2009, foi chefe de gabinete da então presidente Cristina Kirchner (2007-2015), com quem posteriormente se desentendeu, razão pela qual fundou a Frente Renovadora — outra corrente dentro do peronismo.
No entanto, teve a aprovação da ex-presidente para ser escolhido como candidato de consenso da União pela Pátria (novo nome da coalizão governista Frente de Todos), que obteve 27,28% de apoio nas primárias.
Prefeito de Tigre (cidade da província de Buenos Aires, onde mora) por duas vezes e presidente da Câmara dos Deputados antes de assumir a pasta da Economia, Massa já foi candidato à Presidência em 2015, quando terminou em terceiro, atrás de Macri e Daniel Scioli (peronismo oficial).
Ele é casado com a cientista política Malena Galmarini, presidente do conselho de administração da estatal Agua y Saneamiento Argentinos (AYSA).
Juan Schiaretti, peronista governador de Córdoba
Agustin Marcarian/ReutersSob o lema de "fazer um país normal", com tudo o que isso significa em termos da crise socioeconômica e da ruptura política que vive a Argentina, o governador de Córdoba, representante de um peronismo federal — dissidente do partido governista —, busca extrapolar para o resto do país o que desenvolveu em seus três mandatos à frente dessa província do centro da Argentina.
Com Florencio Randazzo, duas vezes ministro de Cristina Kirchner, como candidato a vice-presidente, Schiaretti busca colocar o foco no campo, a maior vítima — em sua opinião — das políticas tributárias do Executivo, combater o narcotráfico e ajudar as pequenas e médias empresas como líder da coalizão Fazemos Por Nosso País, que obteve 3,71% nas primárias.
Aos 74 anos, este contabilista público, apelidado "El Gringo", orgulha-se de ser o único candidato procedente do interior do país e enfrenta pela primeira vez uma disputa nacional para a qual se preparava em 2019, embora a aliança da ex-presidente com Alberto Fernández tenha freado seus anseios.
A advogada e ativista argentina Myriam Bregman
Agustin Marcarian/ReutersAdvogada e ativista dos direitos humanos e do feminismo, esta representante da cidade de Buenos Aires concorre pela primeira vez à Presidência, com propostas como apostar nos serviços públicos, romper com o FMI — credor da dívida argentina —, reduzir a jornada de trabalho para gerar empregos e aumentar o salário mínimo.
Antes disso, em 2015, já havia concorrido como vice-presidente na chapa de Nicolás del Caño (seu atual número dois).
Nascida em Timote (Buenos Aires) há 51 anos, descendente de judeus alemães e apelidada de "La Rusa", lidera a Frente de Esquerda e dos Trabalhadores, que somou 2,61% dos votos nas primárias de agosto e, mesmo em sua condição de candidata minoritária, conseguiu se destacar nos debates eleitorais, nos quais defendeu com firmeza suas propostas e atacou seus rivais com ousadia e contundência.
Cofundadora do Centro de Profissionais pelos Direitos Humanos e do coletivo Justicia Ya!, participa do movimento Pão e Rosas e é frequentemente encontrada em manifestações. Entre seus casos mais famosos, representou Julio López, testemunha desaparecida em 2006, no caso contra o repressor Miguel Etchecolatz.
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