Costa Leste dos EUA sofrerá ondas de calor mortais até 2100, diz pesquisa
Pesquisadores preveem que as ondas de calor marinhas poderão se estender por cerca de um terço do ano
Internacional|Do R7
Uma nova pesquisa alerta que a costa leste dos Estados Unidos poderá enfrentar ondas de calor marinhas prolongadas e perigosas até o final do século. O estudo, publicado na revista Scientific Reports, aponta que esses eventos extremos podem durar mais de 100 dias por ano, trazendo impactos severos para o ecossistema marinho e para setores econômicos que dependem dele.
Os estuários, áreas de transição entre rios e oceanos, são essenciais para a biodiversidade e para a economia, abrigando cerca de 75% das espécies de peixes e sustentando milhões de empregos. Com o aumento das temperaturas da água do mar, os pesquisadores alertam para uma pressão sem precedentes sobre esses ecossistemas.
As ondas de calor marinhas são consideradas uma das maiores ameaças à biodiversidade em um planeta em aquecimento. Esses eventos podem provocar mortalidade em massa de espécies, perda de habitat e desequilíbrios ecológicos de longo prazo.
Pesquisadores analisam impacto crescente
O estudo avaliou dados de 20 estuários dentro do Sistema Nacional de Reserva de Pesquisa Estuarina dos EUA ao longo das últimas duas décadas. Os cientistas observaram um aumento significativo na frequência e intensidade das ondas de calor marinhas (MHWs, na sigla em inglês), especialmente na costa leste, uma região que já apresenta maior vulnerabilidade ao estresse térmico.
Caso essa tendência continue, os pesquisadores preveem que as ondas de calor marinhas poderão se estender por cerca de um terço do ano até 2100.
A Baía de Chesapeake, por exemplo, já enfrenta temperaturas extremas por aproximadamente 22 dias ao ano, afetando a fauna e a flora locais. Esse número pode crescer exponencialmente, aumentando o risco para todo o ecossistema da região.
Alerta para gestores ambientais
Piero Mazzini, oceanógrafo do Instituto de Ciências Marinhas da Virgínia e um dos autores do estudo, destacou que os resultados devem servir como um alerta para formuladores de políticas públicas e gestores ambientais. “Os estuários da Costa Leste podem enfrentar essas condições extremas por mais de 100 dias ao ano até o final do século. Precisamos agir agora para mitigar esses impactos”, afirmou.
O estudo reforça que a elevação da temperatura média da superfície do mar, impulsionada pelas mudanças climáticas, é o principal fator por trás do aumento das MHWs. Modelos climáticos indicam que grande parte dos oceanos poderá atingir um estado de calor extremo quase permanente até o final do século XXI, intensificando os desafios ambientais e econômicos.
Para o coautor da pesquisa, Ricardo Nardi, compreender os fatores que influenciam o calor nos estuários é essencial para a conservação desses ecossistemas. “Precisamos analisar cuidadosamente a interação entre os estuários, seus rios afluentes e o oceano costeiro para desenvolver estratégias eficazes de proteção”, destacou.