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Crimes de guerra: uma violação grave e geralmente impune

Tratados internacionais determinam os limites para os confrontos armados, mas dificilmente os transgressores são responsabilizados

Internacional|Lucas Ferreira, do R7

Ataques contra a população civil são vistos como crimes de guerra por acordos internacionais
Ataques contra a população civil são vistos como crimes de guerra por acordos internacionais

Guerras causam destruição, mortes e dor para todos os envolvidos. Nações levam anos para conseguir reconstruir suas cidades e para que as pessoas retornem à rotina que foi interrompida por tiros e explosões.

Apesar de parecer que qualquer tipo de violência é aceito para atacar e se defender, existem leis que determinam como as forças armadas podem agir. Aqueles que extrapolam os acordos e tratados internacionais são considerados criminosos de guerra.

O professor de direito internacional público da UFC (Universidade Federal do Ceará) Newton de Menezes Albuquerque conta que um conflito armado só é permitido em duas circunstâncias: autodefesa ou intervenção humanitária.

“A guerra só é admitida em termos normativos em duas circunstâncias que deveriam ser excepcionais: autodefesa soberana de um Estado em face de uma agressão armada e no caso de intervenção humanitária autorizada pelo Conselho de Segurança [da ONU]”, afirma Albuquerque ao R7.


O professor da UFC destaca que o primeiro tratado que estabeleceu normas para uma guerra foi assinado em 1856 e ficou conhecido como Declaração de Paris. São famosas também as Convenções de Genebra (1864 e 1949), a Convenção de São Petersburgo (1868) e as Convenções de Haia (1889, 1906 e 1907).

Apesar de esses acordos e de outros tratados internacionais terem sido elaborados ao longo dos anos, é difícil punir os responsáveis por praticar crimes de guerra.


“A definição do crime é objetiva e verificável, mas o intuito manipulatório dos envolvidos na guerra decorre da própria natureza dos interesses políticos envoltos no conflito. Em relação à punição no âmbito do direito internacional, temos muitas dificuldades, a começar pelo fato de não haver instituições centralizadas com poder sancionatório.”

Conflito na Ucrânia

Negociadores russos e ucranianos em encontro na Turquia
Negociadores russos e ucranianos em encontro na Turquia

Após mais de um mês de confrontos em território ucraniano, há diversos relatos de estupro de mulheres — adultas e idosas —, saques a supermercados e casas, ataques a alvos civis e uso de bombas de fragmentação.


Para Albuquerque, a mídia russa e a ocidental relatam crimes de guerra, muitas vezes difíceis de ser confirmados por veículos independentes ideologicamente. No entanto, ele ressalta que alguns pontos são evidentes, como a tentativa russa de roubar a independência ucraniana e a morte de civis.

“Sobre crimes de guerra, até agora, o que se visualiza é a utilização de meios de destruição, tortura e execução da população civil ucraniana por ambos os lados da guerra.”

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Segundo o professor da UFC, ainda há um longo caminho a se percorrer para criar maneiras de condenar aqueles que cometem crimes de guerra. Nos dias de hoje, porém, já existem algumas maneiras de evitar que essas pessoas ou nações saiam ilesas.

“Há várias medidas previstas para os transgressores das normas individuais que podem atingir Estados por meio de sanções econômicas, diplomáticas e armadas em situações extremas de cometimento de crimes contra humanidade, como genocídios etc.”, conclui Albuquerque.

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