Dezenas de ONGs acusam Grécia de deixar imigrantes sem comida

Vinte e seis organizações humanitárias acusaram nesta segunda-feira (18) as autoridades da Grécia de excluir alguns imigrantes da ajuda alimentar nos campos de reagrupamento no continente.

"Apesar de as práticas serem distintas de uma região para outra, estima-se que cerca de 60% das pessoas que vivem em acampamentos no continente não recebam alimentos", garantiram as 26 ONGs, entre as quais está o Conselho para os Refugiados da Grécia.

Desde o início de outubro, as autoridades gregas são as encarregadas de distribuir a ajuda financeira europeia de emergência aos migrantes alojados nos acampamentos, em vez do Acnur (Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados).

No entanto, cerca de 35 mil pessoas que vivem nesses acampamentos não receberam a ajuda, segundo as ONGs, que afirmam que, em vez disso, são oferecidos "alimentos de má qualidade e, muitas vezes, pouco cozidos".

O Ministério de Migração da Grécia assegurou que, ao contrário do que está sendo alegado, "todos os solicitantes de asilo dos acampamentos situados no continente e nas ilhas têm direito à alimentação" e recebem três refeições por dia.

Contudo, detalhou que essa distribuição não inclui os refugiados que "devem sair" dos acampamentos. Os migrantes cujas solicitações de asilo são rechaçadas "têm a obrigação de deixar o país", acrescentou.

Segundo as autoridades gregas, "não existe prazo" para conceder a ajuda financeira aos refugiados. Eles devem receber o benefício no fim de outubro, assinalaram.

Os refugiados "têm o direito de trabalhar e podem solicitar outras ajudas", como um programa de integração financiado pela União Europeia, detalhou o ministério.

De acordo com as últimas estimativas, o número de refugiados na Grécia chega a 96 mil, afirma Mireille Girard, representante local do Acnur. Mas muitos deles estão abandonando o país para buscar asilo em outras nações europeias mais ricas.