Dinossauros podem ter piado em vez de rugido, segundo estudo
Descoberta de fóssil na China sugere que dinossauros emitiam sons parecidos com os de aves, e não os clássicos rugidos aterrorizantes
Internacional|Do R7

Um fóssil encontrado na China sugere que os dinossauros podem ter emitido sons mais próximos de pios ou cantos, semelhantes aos das aves modernas, em vez dos poderosos rugidos, retratados em filmes há décadas.
A informação foi detalhada por pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências em um artigo publicado, no último dia 11, na revista científica PeerJ, a partir da descoberta de um fóssil em rochas de 163 milhões de anos.
No estudo, os cientistas dizem que o esqueleto, quase completo, pertence a um pequeno dinossauro herbívoro chamado Pulaosaurus, com cerca de 60 centímetros de comprimento, que tinha uma estrutura na garganta surpreendentemente parecida com a das aves atuais.
Essa estrutura vocal, segundo eles, indica que o Pulaosaurus poderia emitir sons mais complexos do que se imaginava.
“A semelhança com as aves sugere que a capacidade de produzir sons elaborados pode ter surgido muito antes do que pensávamos, talvez há mais de 230 milhões de anos, nos primeiros dinossauros”, disse o paleontólogo Xing Xu, que liderou a pesquisa, ao jornal The New York Times.
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O fóssil do Pulaosaurus foi encontrado em uma formação rochosa no nordeste da China, famosa por revelar outros dinossauros notáveis, como o Anchiornis — um dos primeiros dinossauros com penas — e o Yi qi, que lembrava um morcego.
Apesar de os tecidos moles do Pulaosaurus não estarem bem preservados, os cientistas identificaram indícios fascinantes: possíveis filamentos corporais, formações na região do estômago (que podem ser órgãos, alimento ou até ovos) e, o mais importante, as estruturas vocais.
Essas estruturas, nos vertebrados, têm dupla função: proteger as vias aéreas e produzir sons. Nos répteis modernos, como cobras e lagartos, o sistema vocal é simples, feito de cartilagens.
Já nas aves, ele é mais complexo, com ossos vocais que permitem sons variados — alguns pássaros, como papagaios, até imitam a fala humana.
No caso do Pulaosaurus, a estrutura vocal parece ser um estágio intermediário, menos desenvolvida que a das aves, mas mais avançada que a dos répteis.
Mistério vocal
Até recentemente, pouco se sabia sobre como os dinossauros “falavam”. Em 2023, cientistas encontraram o primeiro fóssil de um dinossauro não-aviano com vestígios de órgãos vocais: o Pinacosaurus, um dinossauro blindado que viveu milhões de anos depois do Pulaosaurus.
Apesar de não ter a siringe — o órgão vocal típico das aves modernas —, o Pinacosaurus possuía uma laringe óssea robusta e móvel, capaz de produzir sons elaborados. O Pulaosaurus parece seguir um padrão semelhante, mesmo pertencendo a uma linhagem diferente.
“Esses dois dinossauros, Pulaosaurus e Pinacosaurus, estão bem distantes da linhagem que deu origem às aves modernas. Mesmo assim, a semelhança nas estruturas vocais sugere que a capacidade de emitir sons complexos pode ter sido comum entre os dinossauros”, disse Xu.
E como era o som do Pulaosaurus?
Seria um pio agudo, como o de um pássaro? Um chiado, como o de um filhote de crocodilo? Ou algo completamente diferente? “Não sabemos”, disse Xu. “Pode ter sido um som estranho, difícil de prever”.
Por enquanto, a siringe, que dá voz a aves como papagaios e pinguins, ainda não foi encontrada em dinossauros não-avianos. Mas o paleontólogo mantém a esperança. “É possível que fósseis com essas estruturas já tenham sido encontrados, mas passaram despercebidos por causa da delicadeza dos ossos”.
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