Disputar a presidência dos EUA custa mais de R$ 4 bilhões
Esta será a eleição mais cara da história da democracia americana
Internacional|Do R7
Enquanto persiste o clima de incerteza sobre quem será o próximo presidente dos Estados Unidos, pelo menos um dado é certo: esta será a eleição mais cara da história, com um orçamento total que deve ultrapassar a casa de R$ 4 bilhões (US$ 2 bilhões).
Apesar de as campanhas de Barack Obama e Mitt Romney estarem perto do recorde de quatro anos atrás, a grande diferença deste pleito está na aparição dos chamados "superPACs" (comitês políticos que podem receber fundos ilimitados), que geraram uma enxurrada de verbas tão exagerada que já surgiram vozes que pedem uma nova reforma do financiamento eleitoral.
"O povo americano está farto do sistema de financiamento político e quer uma reforma total", reconheceu à Agência Efe Adam Skaggs, professor de Direito da NYU (Universidade de Nova York).
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A enorme polarização da política nacional nos Estados Unidos nos últimos anos contribuiu para que o democrata Obama, o republicano Romney e seus respectivos aliados estejam amassando - e gastando - quantidades incríveis de dinheiro para tentar captar votos.
Segundo os números divulgadas em Washington pela FEC (Comissão Federal Eleitoral), a campanha de Obama tinha arrecadado, até 17 de Outubro, R$ 1,1 bilhão (US$ 556 milhões), enquanto a de Romney havia obtido R$ 680 milhões (US$ 340 milhões), o que totaliza R$ 1,9 bilhão (US$ 896 milhões).
A esse ritmo e até a votação de 6 de novembro, as duas campanhas chegarão a essa data tendo superado a barreira de R$ 2 bilhões (US$ 1 bilhão) arrecadados.
O recorde absoluto é de R$ 2,2 bilhões (US$ 1,113 bilhão), das eleições de 2008 (nas quais a campanha de Obama chegou a US$ 745 milhões graças à extraordinária popularidade do atual presidente naquela campanha).
Apesar de neste ano as campanhas oficiais não parecerem que vão superar esse número, entre os partidos políticos propriamente ditos, sindicatos, empresas e outras organizações (como os "superPACs"), foram arrecadados até agora outros R$ 2 bilhões (US$ 1,003 bilhão), segundo os mais recentes números.
Se for somado o dinheiro destinado às campanhas para a renovação da totalidade da Câmara dos Representantes e um terço do Senado, eleições para governadores e o gasto por outros grupos independentes, o total do próximo pleito pode atingir R$ 12 bilhões (US$ 6 bilhões), segundo o "Center for Responsive Politics", uma entidade independente que estuda o financiamento da política nos EUA.
Os "superPACs" são entidades surgidas após uma controvertida decisão tomada em 2010 pela Suprema Corte na qual aprovou a criação de organizações que podem captar quantidades de dinheiro ilimitadas de pessoas e empresas para canalizá-las com fins políticos.
Apesar de os "superPACs" serem em teoria independentes das campanhas de cada candidato, alguns são apêndices delas, e os mais próximos a Obama e Romney são dirigidos por pessoas ligadas a eles, por isso na prática estão "na sombra" das campanhas, segundo Skaggs.
A favor de Obama há oito "superPACs" e cinco contra, enquanto Romney tem 11 em seu favor e sete que se mobilizam contra ele. As atuais normas estabelecem que uma pessoa, empresa ou entidade pode apresentar um máximo de R$ 5 mil (US$ 2,5 mil) por candidato e eleição, mas a sentença de 2010 rompeu definitivamente os esquemas ao permitir as contribuições ilimitadas para apoiar causas políticas não relacionadas diretamente com as campanhas.
Assim, milionários, grandes empresas, sindicatos e simples cidadãos se lançaram nos últimos anos a gastos em defesa de seus pontos de vista, esperando ajudar seus candidatos preferidos e influenciar na adoção de medidas que lhes afetam ou interessam.
Os dois grandes partidos, o Republicano e o Democrata, destinaram até agora R$ 400 milhões (US$ 203 milhões) à eleição presidencial, enquanto empresas, sindicatos, indivíduos ou entidades gastaram R$ 629 milhões (US$ 310 milhões). Mas a liderança é dos "superPACs", com R$ 1 bilhão (US$ 490 milhões), o que leva o total de dinheiro gasto até agora por entidades externas às campanhas propriamente ditas aos citados R$ 2 bilhão (US$ 1,003 bilhão).
Skaggs lamenta que os "superPACs" tenham agravado o tradicional problema que os grandes financiadores das campanhas eleitorais tenham depois acesso aos políticos que apoiam para favorecer seus interesses. "Foi gerado um vasto potencial para o escândalo e a corrupção", disse este professor universitário, que considera que os excessos geraram não só saturação nos cidadãos, mas também a sensação na classe política de que é preciso pisar no freio.
Skaggs considera que existe "uma crescente consciência de que o atual sistema não funciona", por isso "há uma possibilidade real" de mudança após as eleições.