'Ele fica me pedindo pra voltar', diz mãe de menino detido nos EUA

A mineira Nadielle Rodrigues, mãe do menino Caíque, 7, que está há um mês detido nos EUA separado de sua família, teve contato com o filho novamente nesta quarta-feira (27). Segundo a mãe, ele parece estar bem, mas está a cada dia mais ansioso para voltar.

"Ele fica me pedindo para voltar. Ontem e hoje ele me falou muito sobre isso. Ele está bem, mas quer vir embora logo", disse Nadielle. Ainda não existe uma data para definir a volta de Caíque, que está em um abrigo em Nova York, enquanto o pai, Wellington, ainda está detido no Texas.

Caso isolado

Nadielle teve alguma sorte na situação do filho, porque ele é a única criança brasileira detido na fronteira que foi transferido para Nova York, o que permite que os funcionários do consulado possam ir com mais frequência para o abrigo. Isso possibilita mais oportunidades de contato.

No Texas, onde pelo menos oito brasileiros foram separados dos pais, os funcionários do Consulado de Houston conseguiram checar pessoalmente a situação de apenas três deles. A maior parte dos abrigados próximos à fronteira estão a mais de 500 quilômetros da sede do consulado, o que exige uma logística mais complicada e cara.

Em Chicago, Lídia Souza, que havia sido separada do filho por mais de 20 dias e processou o governo dos EUA para poder ter contato com ele, conseguiu rever a criança na última terça, mas ainda não sabe quando poderá levar Diogo, 9, de volta ao Brasil.

Situação indefinida

Um juiz federal da Califórnia ordenou, na terça-feira, que crianças de até cinco anos sejam devolvidas aos pais em até 15 dias. Para filhos de imigrantes de 5 a 17 anos, o prazo é de 30 dias. No entanto, até agora não está claro como e quando isso acontecerá. 

Segundo a imprensa norte-americana, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA (HHS, na sigla em inglês), órgão responsável pelo cuidado dessas crianças não está divulgando nem mesmo se mais famílias de imigrantes foram separadas nos últimos dias, depois que o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva suspendendo a separação de famílias na fronteira.

O governo alega já ter reunido 500 crianças com seus pais, mas em uma audiência no Senado norte-americano na terça, um porta-voz do HHS, afirmou que pelo menos 2.047 estão em abrigos enquanto os adultos com quem atravessaram a fronteira aguardam suas audiências de deportação.