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Empreendedorismo ajuda refugiados a enfrentar xenofobia

Startups e ONGs trabalham para empoderar os refugiados e incluir essas pessoas na sociedade, lutando contra o preconceito

Internacional|Beatriz Sanz, do R7

Copa Refugiados inclui mais de mil atletas
Copa Refugiados inclui mais de mil atletas Copa Refugiados inclui mais de mil atletas

Para driblar a xenofobia e o preconceito, os refugiados e imigrantes que vivem no Brasil estão apostando cada vez mais em projetos de empreendedorismo e de valorização de suas próprias culturas.

Essas iniciativas, quase sempre comandadas pelos próprios refugiados, os ajudam a ter uma renda e a se integrar com a população brasileira.

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Além disso, os projetos, através da cultura e da sensibilização da população brasileira, ajudam a reduzir os episódios de xenofobia no país.

Outra ação importante é a qualificação dos refugiados para o mercado de trabalho para combater a alta taxa de desempregos dessa população. pelo menos 38% dos refugiados que vivem no Brasil estão desempregados. Mesmo a alta, a taxa de de desemprego entre brasileiros é quase três vezes menor: 13%.

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As organizações que atuam nesse setor muitas vezes oferecem cursos e parcerias e contatos com instituições ou empregadores brasileiros.

‘O brasileiro gosta de comer’

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Inicialmente, a ideia de Joanna Ibrahim era criar um aplicativo que oferecesse produtos, serviços e gastronomia no Brasil, mas ela percebeu que os brasileiros estavam mais interessados na culinária de outros países, então mudou o enfoque de sua startup e assim surgiu o Open Taste.

“O brasileiro gosta de comer, gosta se relacionar [com a comida], de ter um experiência cultural, de história, de saber de onde veio [o prato]”, explica.

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A ideia cresceu tão rapidamente que em seu primeiro ano de funcionamento, o Open Taste já foi indicado ao Hult Prize, que é considerado o maior prêmio de empreendedorismo do mundo. Neste ano, a premiação foi voltada para projetos de acolhidas de refugiados em todo o mundo.

Joanna não ganhou o prêmio, mas seu projeto seguiu com outros contornos. Atualmente ela emprega nove famílias e ocupa um espaço físico que abre uma vez por semana, às sextas-feiras.

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No cardápio, é possível conferir delícias das gastronomias congolesa, venezuelana, colombiana, boliviana, palestina e síria.

Joanna acredita que o sucesso para o combate à xenofobia seja não declarar que aquelas pessoas são refugiadas.

Segundo ela, o enfrentamento ao preconceito acontece “quando você mostra o talento deles, mostra que eles são pessoas porque refugiado é só um nome político”.

Nesse ponto, o projeto foca mais na comida do que na história dos refugiados.

Futebol para a integração

Ao contrário do Open Taste, outros projetos preferem apostar na identidade política dos refugiados e imigrantes.

É o caso da Copa dos Refugiados, um torneio de futebol que iniciou em 2014 e cresceu através dos anos.

Segundo Abdulbaset Jarour, o vice-presidente da ONG África do Coração, criadora da competição, neste ano são mais de mil atletas de, pelo menos 38 países. Os jogos já aconteceram em Porto Alegre e nos próximos meses vão ocorrer também em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Jarour acrescenta que o projeto ajuda a combater o sentimento de solidão dos refugiados.

“A Copa dos Refugiados virou uma ferramenta, porque os refugiados chegam aqui sozinhos e não conhecem ninguém. Através da Copa, eles já conhecem pessoas que também vieram sozinhas. Então eles viram uma equipe e depois isso vira amizade”, diz.

Dentro da própria Copa dos Refugiados existe a Copa Integração que reúne também as mulheres refugiadas, que também precisam lutar contra o machismo.

Por um dia elas saem das arquibancadas e entram também no campo.

O diretor da ONG lembra ainda que o futebol é uma linguagem universal e por isso, a ideia é que os brasileiros vão até os estádios para torcer por algum time. “Pode ser a Síria, a Nigéria...”.

Além da Copa dos Refugiados, a ONG África do Coração oferece outros serviços como a Escola Malaica, que ensina línguas estrangeiras para brasileiros; o Translater do Brasil, que atende demandas em hospitais, delegacias e outras instituições para refugiados que não falem inglês, francês ou espanhol e o projeto Ubuntu que oferece palestras para escolas e empresas, com os refugiados contando suas próprias histórias.

A ONG conta também com o apoio de instituições como a Acnur (comissariado da ONU para os refugiados) e a Cruz Vermelha, além de conversar com empresas, tentando empregar os refugiados.

Aulas para empreender

Também pensando na integração entre refugiados, imigrantes e brasileiros, a Migraflix, uma ONG criou o projeto “meu amigo refugiado”. Neste caso, os refugiados são convidados a passarem uma data especial na casa de uma família brasileira.

Mas este é só um dos braços da entidade. O diretor-executivo da ONG, Jonathan Berezovsky explica que há outras vertentes, o principal intuito da organização é "empoderar social e economicamente" refugiados e imigrantes.

“Apostamos na riqueza da cultura que eles trazem para o Brasil e acreditamos que essas culturas podem enriquecer a cultura brasileira”, diz.

Com o apoio de empresas brasileiras, a Migraflix oferece para os refugiados cursos de empreendedorismo cultural nas áreas de gastronomia e artesanato para que eles sejam habilitados a abrir seus próprios negócios.

Os alunos recebem aulas de gestão pessoal, educação financeira e até mesmo marketing para que possam “divulgar melhor suas empresas”, afirma Berezovsky.

Pensando na integração, a Migraflix atua também oferecendo workshops de culturas dos refugiados e outros produtos como cafés da manhã e happy hours temáticos.

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