Entenda a proposta de cessar-fogo entre Israel e Hamas intermediada por Trump
Hamas demonstra disposição para flexibilizar exigências, enquanto Israel sofre pressão interna para acatar acordo
Internacional|Do R7

O governo dos Estados Unidos apresentou uma nova proposta de cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que prevê uma trégua inicial de 60 dias e a libertação de reféns mantidos na Faixa de Gaza. A proposta, segundo autoridades israelenses e americanas, conta com o apoio do Catar e do Egito, principais mediadores das negociações de paz.
O plano ainda depende da aprovação formal dos terroristas do Hamas. A expectativa é que uma delegação do grupo se reúna com negociadores do Egito e do Catar para discutir os termos. O Hamas já indicou disposição para aceitar qualquer iniciativa que leve ao fim definitivo da guerra, embora mantenha como exigência a retirada total das forças israelenses de Gaza e o encerramento do conflito.
Israel, por sua vez, já deu sinais de aceitação da proposta, embora sem um compromisso explícito com o fim da guerra. O ministro de Assuntos Estratégicos de Israel, Ron Dermer, aprovou a estrutura do plano durante visita a Washington, o que motivou a publicação de Trump nas redes sociais afirmando que Israel concordou com as “condições necessárias” para um cessar-fogo.
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O ministro das Relações Exteriores israelense, Gideon Saar, também confirmou que há “sinais positivos” e que o governo está disposto a negociar um acordo que garanta o retorno dos reféns.
A proposta prevê a libertação de 10 reféns ainda vivos, além da entrega dos corpos de alguns dos sequestrados que morreram em cativeiro, em troca da soltura de prisioneiros palestinos detidos por Israel. Durante os 60 dias de cessar-fogo, está previsto um aumento na entrada de ajuda humanitária em Gaza, agora coordenada por canais tradicionais da ONU, em substituição à Fundação Humanitária de Gaza, proposta anteriormente pelos EUA.
Caso não haja um acordo definitivo ao fim da trégua, os mediadores internacionais se comprometeriam a manter as negociações “sob certas condições”, conforme descreve o último esboço do plano.
A proposta é discutida em um momento de forte pressão interna sobre o governo israelense. Integrantes da oposição se manifestaram favoráveis a qualquer acordo que traga os reféns de volta, mesmo que isso contrarie os partidos da coalizão de direita, que hoje governam o país. Já dentro do próprio governo, há receio de que ministros como Itamar Ben-Gvir e Bezalel Smotrich tentem frustrar o entendimento, já que assumem posições públicas mais agressivas em relação aos palestinos.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, convocou seu gabinete para discutir a proposta no sábado (28), antes de embarcar para uma reunião com Trump em Washington. Fontes ligadas ao governo americano indicam que o presidente espera usar o encontro para pressionar por um avanço nas negociações.
Apesar dos sinais de progresso, pontos centrais continuam sem solução. O Hamas exige que a trégua temporária evolua para um cessar-fogo permanente, com o fim da guerra e sua permanência no poder em Gaza. Essa última condição trava a negociação de paz desde o início do conflito, em outubro de 2023, já que Israel rechaça a manunteção dos terroristas do Hamas no comando de Gaza.
“O Hamas não existirá. Não haverá um ‘Hamastão’. Não voltaremos a isso, acabou”, disse Netanyahu, após a reunião com o gabinete israelense, sinalizando poucos avanços nas negociações de uma trégua.
Ainda assim, interlocutores do processo afirmam que o grupo palestino demonstra disposição para flexibilizar parte de suas exigências, o que pode abrir caminho para um avanço nas negociações após meses de impasse.
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