Logo R7.com
RecordPlus

Estudo revela que chimpanzés ingerem álcool diariamente, mas não como humanos

Pesquisa mostra que primatas consomem duas doses de etanol por dia de forma contínua ao comer frutas

Internacional|Do R7

  • Google News

LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Chimpanzés consomem álcool diariamente ao comer frutas fermentadas.
  • A ingestão média é de cerca de duas doses padrão de etanol por dia.
  • Apesar do consumo, os chimpanzés não ficam embriagados devido à quantidade de fruta ingerida.
  • A pesquisa sugere que a atração por bebidas fermentadas pode ter raízes evolutivas compartilhadas com humanos.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Chimpanzés não ficam bêbados com os "dois drinques" diários Pixabay

Os primeiros testes para medir o teor de etanol de frutas consumidas por chimpanzés em habitats africanos mostraram que esses animais ingerem quantidades significativas de álcool todos os dias.

Segundo cientistas da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos, a ingestão média equivale a mais de dois drinques padrão quando ajustada ao peso corporal dos animais.


LEIA MAIS:

As análises indicam que machos e fêmeas consomem cerca de 14 gramas de etanol diários, o equivalente a uma dose padrão nos Estados Unidos. Como um chimpanzé pesa aproximadamente 40 quilos, essa quantidade representa quase duas doses para um adulto humano de 70 quilos. O álcool surge naturalmente na fruta madura, que fermenta ao longo do dia.


A pesquisa mediu o teor alcoólico de 21 espécies de frutas coletadas em dois centros de longa observação: Ngogo, em Uganda, e Taï, na Costa do Marfim. As amostras apresentaram, em média, 0,26% de etanol por peso. Biólogos estimam que os chimpanzés ingerem cerca de 4,5 quilos de frutas diariamente, volume que corresponde a até 10% do peso corporal.


Segundo os pesquisadores, os chimpanzés não aparentam estar embriagados. Para que isso ocorresse, eles precisariam consumir frutas em volume tão grande que o estômago ficaria dolorosamente distendido. Ainda assim, o consumo constante indica que o álcool fazia parte da dieta dos ancestrais comuns entre humanos e chimpanzés, diferentemente do que ocorre com populações humanas modernas ou animais mantidos em cativeiro.


A hipótese de que primatas ingerem álcool há milhões de anos reforça o chamado “macaco bêbado”, proposta formulada há duas décadas pelo professor Robert Dudley. Segundo essa ideia, a atração humana por bebidas fermentadas tem raízes evolutivas, ligadas ao hábito de buscar frutas mais maduras e ricas em energia, que, naturalmente, possuem mais etanol.

Nos últimos anos, relatos de campo e experimentos em cativeiro reforçaram essa teoria. Pesquisadores observaram macacos e lêmures preferindo néctares mais alcoólicos. Em 2022, Dudley e colegas mostraram que macacos-aranha selvagens consumiam frutas fermentadas e eliminavam metabólitos de álcool na urina. Estudos recentes com aves também identificaram traços de etanol em penas de 10 espécies.

O novo levantamento utilizou três métodos diferentes para medir o álcool das frutas, incluindo sensores portáteis e cromatografia. As espécies mais consumidas, como o figo Ficus musuco, em Ngogo, e o fruto Parinari excelsa, em Taï, foram justamente as mais ricas em etanol. Elefantes também demonstram preferência por essas frutas.

Os pesquisadores pretendem avançar no monitoramento direto da ingestão de álcool por chimpanzés. Isso inclui coleta de urina para analisar metabólitos e medições do teor alcoólico de frutas recém-caídas enquanto os animais se alimentam.

O trabalho, publicado na revista Science Advances, abre caminho para entender como a exposição natural ao álcool moldou o comportamento de primatas e possivelmente influenciou a história evolutiva humana.

Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.