Internacional EUA ameaçam interferir se conflitos no Sudão não se encerrarem 

EUA ameaçam interferir se conflitos no Sudão não se encerrarem 

Joe Biden, presidente americano, disse que seu país iria tomar providências contra 'indivíduos que ameaçam a paz'

AFP

Resumindo a Notícia

  • Conflitos continuam no Sudão após tentativas de trégua.
  • EUA afirmam que vão intervir e tomar providências contra 'indivíduos que ameaçam a paz'.
  • Combates deixaram mais de 5.000 feridos e pelo menos 335 mil deslocados.
  • Entre afetados, existe um número 'espantoso' de crianças, segundo a ONU.
Muitos dos mais de 5 milhões de habitantes de Cartum acordaram com ataques aéreos e tiros de metralhadoras

Muitos dos mais de 5 milhões de habitantes de Cartum acordaram com ataques aéreos e tiros de metralhadoras

REUTERS / UNTV / AL ARABIYA/ 03.05.2023

Os combates prosseguem nesta sexta-feira (5) na capital do Sudão, onde o Exército e os paramilitares, em uma batalha pelo poder, ignoram uma promessa de trégua e as ameaças de sanções dos Estados Unidos.

Os combates entre o Exército oficial, comandado pelo general Abdel Fatah al Burhan, e as paramilitares Forças de Apoio Rápido (FAR), do general Mohamed Hamdan Daglo, provocaram quase 700 mortes desde 15 de abril, de acordo com a ONG Acled, que registra o número de vítimas de conflitos.

Na quinta-feira (4), o presidente americano, Joe Biden, afirmou que "a tragédia deve terminar" e advertiu que Washington pode adotar sanções contra "os indivíduos que ameaçam a paz", sem citar nenhum nome.

Apenas em 2020, o país, de 45 milhões de habitantes, saiu de duas décadas de sanções dos Estados Unidos impostas à ditadura militar-islâmica do general Omar al-Bashir, derrubada pelo Exército e pela pressão das ruas, em 2019.

Com o golpe de Estado de 2021, os generais Burhan e Daglo expulsaram os civis com quem compartilhavam o poder desde a queda de Omar al-Bashir. Mas suas opiniões divergentes sobre a integração das FAR ao Exército oficial acabaram resultando em um confronto.

Nada parece capaz de reconciliar os dois generais, que trocam acusações sobre violações das sucessivas tréguas. Na terça-feira (2), o presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, anunciou ter conseguido um "acordo de princípio" para uma trégua até quinta-feira.

Mas, para a diretora do serviço de inteligência dos Estados Unidos, Avril Haines, o conflito se prolongará porque "os dois lados acreditam que podem vencer militarmente e têm poucos motivos para iniciar negociações".

Exílio

Os combates deixaram mais de 5.000 feridos e pelo menos 335 mil deslocados. Também levaram 115 mil pessoas ao exílio, segundo a ONU, que pediu 444 milhões de dólares para ajudar o país, um dos mais pobres do mundo.

As Nações Unidas alertaram para o número "espantosamente" elevado de crianças que foram vítimas da guerra. A organização afirmou que os combates mataram ou feriram sete crianças a cada hora durante os primeiros 11 dias de guerra.

James Elder, porta-voz do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), afirmou que 190 crianças morreram e 1.700 ficaram feridas entre 15 e 26 de abril, de acordo com dados publicados por centros médicos de Cartum e Darfur (oeste), que não foram confirmados com fontes independentes pela ONU.

De acordo com as Nações Unidas, quase 860 mil pessoas, não apenas sudaneses, mas também sul-africanos que retornam a seu país, podem atravessar as fronteiras nos próximos meses.

"Mais de 50 mil pessoas atravessaram a fronteira em 3 de maio para o Egito", afirmou a ONU. Mais de 11 mil para a Etiópia e 30 mil para o Chade."

O secretário-geral da ONU, António Guterres, considera "absolutamente essencial" que a crise não ultrapasse as fronteiras.

Soluções africanas

Cidadãos estão sendo transportados e recebendo ajuda humanitária

Cidadãos estão sendo transportados e recebendo ajuda humanitária

REUTERS / UNHCR/ 02.05.2023

Em Darfur, na fronteira com o Chade, os civis receberam armas para participar dos combates, que incluem militares, paramilitares e tribais ou rebeldes, segundo as Nações Unidas.

A ONG Norwegian Refugee Council (NRC), que teve os escritórios saqueados, informou que "pelo menos 191 pessoas morreram, dezenas de casas foram incendiadas e milhares de pessoas ficaram deslocadas" na região.

A cidade costeira de Porto Sudão, onde não foram registrados combates, recebeu 30 toneladas de ajuda humanitária nesta sexta-feira.

A ONU e um número cada vez maior de organizações não governamentais estão tentando negociar o transporte dos carregamentos para Cartum e Darfur, onde vários hospitais foram saqueados e bombardeados.

Na África e no Oriente Médio, vários canais diplomáticos foram acionados para encontrar uma solução para o conflito. E, embora o Exército defenda "soluções africanas para os problemas do continente", os militares receberam de maneira positiva a mediação EUA-Arábia Saudita.

No domingo, os ministros das Relações Exteriores da Liga Árabe se reunirão para examinar a questão sudanesa.

O Exército se comprometeu a nomear um "emissário para negociar uma trégua" com o lado rival, com a mediação dos "presidentes do Sudão do Sul, Quênia e Djibuti", em um país que ainda deve ser definido.

As FAR afirmam que só aceitaram três dias de trégua, não uma semana, e que negociaram com uma longa lista de países e organizações.

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