EUA: chance de morte por overdose é maior que por acidente de carro
Pelo menos 72 mil pessoas morreram de overdose nos EUA em 2017, mas os números podem ser ainda maiores, já que os casos são subnotificados
Internacional|Beatriz Sanz, do R7
Pela primeira vez na história, os acidentes de carro não são a causa mais provável de morte nos EUA. Os perigos do trânsito foram superados pelos riscos que um cidadão dos Estados Unidos tem de morrer por conta de uma overdose de opiáceos, segundo o relatório publicado pelo Conselho Nacional de Segurança.
O estudo aponta que os norte-americanos têm 1 chance em 96 de morrer de overdose de opiáceos. A probabilidade de morrer em um acidente de automóvel é de 1 em 103. Os dados analisados são referentes ao ano de 2017.
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De acordo com dados do CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, na sigla em inglês), pelo menos 72 mil pessoas morreram por overdose nos EUA em 2017, sendo que 49 mil desses casos diziam respeito a mortes por opiáceos.
Contudo, o próprio CDC reconhece que os números podem ser ainda mais alarmantes já que os EUA têm subestimado as mortes relacionadas a opioides entre 20 e 35% por falta de investigação nos casos relacionados a overdose.
Fentanil
O CDC informou em dezembro de 2018 que o fentanil é a droga mais fatal em circulação nos EUA, atualmente.A droga é um opiáceo sintético usado no tratamento de dores. O medicamento é de 50 a 100 vezes mais potente que a morfina.
O relatório constatou que a taxa de mortes por overdose envolvendo fentanil dobrou a cada ano de 2013 a 2016. Mortes envolvendo heroína também aumentaram, triplicando de 2011 a 2016.
Até 2015, a droga mais mortal no país era a heroína. Antes disso, quem ocupava o posto era a oxicodona.
A situação dos opiáceos é tão grave que o presidente Donald Trump declarou que a crise fosse tratada como “emergência de saúde pública”, em 2017. No entanto, o governo não liberou mais dinheiro para ajudar no tratamento dos afetados.
O jornalista German Lopez, do portal Vox, que investiga a crise dos opiáceos nos EUA, afirma que essa negligência acontece por conta do estigma que as overdoses carregam.
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