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EUA começaram a produzir bombas para atingir instalações nucleares do Irã há 15 anos

Ataque à usina nuclear iraniana de Fordow só foi possível por causa da GBU-57, bomba gigante que começou a ser produzida em 2009

Internacional|Do R7

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Uma GBU-57 na Base Aérea de Whiteman, no Missouri, EUA, em 2023 Divulgação/Força Aérea dos EUA

A GBU-57, bomba gigante utilizada pelos Estados Unidos no bombardeio à Fordow e outras instalações nucleares do Irã, no último sábado (21), começou a ser produzida pelos norte-americanos há 15 anos.

O presidente do Estado-Maior Conjunto dos EUA, o tenente-general Dan Caine, revelou na quinta-feira (26) que as bombas, conhecidas como “destruidoras de bunkers”, foram projetadas especificamente para atingir alvos subterrâneos como Fordow, unidade nuclear iraniana escondida a cerca de 100 metros de profundidade na encosta de uma montanha.


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A existência da usina de Fordow foi descoberta pelos EUA em 2009. Na época, autoridades norte-americanas e um agente da DTRA (Agência de Redução de Ameaças de Defesa) constataram que o país não possuía armas capazes de destruir um alvo tão fortificado.

Isso levou ao desenvolvimento da GBU-57, projetada unicamente para atingir instalações profundamente enterradas. “Armamento é a ciência de avaliar um alvo. Em última análise, consiste em determinar a combinação correta de arma e estopim para alcançar os efeitos desejados e a máxima destruição”, disse Caine, segundo o jornal New York Post.


Bomba destruidora de bunkers desenvolvida pelos EUA e usada contra instalações nucleares do Irã Arte/R7

A construção da bomba envolveu anos de trabalho conjunto entre o Pentágono, a indústria e estrategistas, com testes intensivos. “Eles tentaram opções diferentes, realizaram centenas de tiros de teste e lançaram muitas armas em escala real contra alvos extremamente realistas com um único propósito: destruir esse alvo”, afirmou Caine.

O tenente-general disse que o programa consumiu tantas horas de supercomputadores para modelagem e simulação que, em certo momento, foi o maior usuário desse recurso nos EUA, de forma sigilosa.


O ataque de sábado, batizado como Operação Meia-Noite, foi planejado minuciosamente com base nesses 15 anos de inteligência.

As bombas, lançadas pelos bombardeiros furtivos B-2, foram direcionadas a dois poços de ventilação da usina. Os iranianos tentaram proteger esses poços com concreto, mas, segundo Caine, “a tampa de concreto foi removida à força pela primeira arma, e o poço principal foi descoberto”.


Danos incertos e versões conflitantes

Apesar do planejamento detalhado, uma reportagem do jornal britânico Financial Times, publicada na quinta-feira (26), revelou que o Irã teria retirado todo o seu estoque de urânio enriquecido de Fordow antes do ataque.

Fontes de inteligência de países europeus informaram ao jornal que os 408 kg de urânio enriquecido, próximo ao nível necessário para desenvolver uma arma nuclear, foram redistribuídos para outras instalações iranianas antes do bombardeio.

Isso significa que o estoque, essencial para o programa nuclear do Irã, pode ter permanecido praticamente intacto.

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Arte animada mostra antes e depois de Fordow, onde fica usina atômica iraniana Reprodução/Maxar Technologies

O presidente dos EUA, Donald Trump, negou as informações do jornal britânico. “Nada foi retirado da instalação. Levaria muito tempo, seria muito perigoso e seria muito pesado e difícil de mover”, disse em sua rede social, Truth Social.

O secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, também declarou que desconhecia qualquer informação de inteligência sugerindo que o Irã havia transferido o urânio.

Já o diretor da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), Rafael Grossi, afirmou em entrevista à rádio francesa RFI que Fordow não estava mais operacional após o ataque, mas não confirmou se o urânio foi retirado.

Além disso, os danos exatos causados pelos bombardeios ainda são incertos, com versões conflitantes entre os lados envolvidos. Desde terça-feira (24), Trump tem afirmado que o ataque foi altamente destrutivo, rejeitando um relatório preliminar da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA que sugere que os danos atrasaram o programa nuclear iraniano em apenas alguns meses.

Por outro lado, o governo iraniano admitiu na quarta-feira (25) que Fordow sofreu “grandes danos”, sem detalhar a extensão. Na quinta-feira, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, minimizou o impacto, afirmando que os EUA “não conseguiram muito” com a ofensiva.

A AIEA, responsável por monitorar instalações nucleares, ainda não quantificou os danos até esta sexta-feira (27). No início da semana, o Parlamento iraniano aprovou a suspensão da cooperação com a agência, o que pode dificultar vistorias futuras para verificar o uso do urânio enriquecido.

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