Ex-presidente do Peru passa primeira noite preso após Lava Jato
Pedro Pablo Kuczynski é investigado por receber US$ 20 milhões em propina de Odebrecht e está preso na sede da Polícia Nacional, em Lima
Internacional|Da EFE
Ex-presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, de 80 anos, passou ontem sua primeira noite na cadeia após a Justiça ter determinado sua prisão preventiva dentro das investigações que apuram as propinas pagas pela Odebrecht no país.
Kuczysnki está na sede da Polícia Nacional em Lima, onde a líder da oposição, Keiko Fujimori, também permaneceu após ser acusada de lavagem de dinheiro, mesmo crime que o grupo de promotores da Lava Jato no país considera que o ex-presidente cometeu.
Prisão de secretária foi decretada
A Justiça também decretou ontem a prisão preventiva da secretária de Kuczynski, Gloria Kisic, que é irmã de Jorge Kisic, um dos ministros da Defesa do breve governo do ex-presidente, e de José Luis Bernaola, motorista que trabalhava para Kuczynski.
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O Ministério Público investiga se Kuczynski recebeu pagamentos ilícitos da construtora brasileira Odebrecht quando era ministro do governo do ex-presidente Alejandro Toledo (2001-2006), que teria recebido US$ 20 milhões em propina da empresa.
A investigação quer descobrir se Kuczynski utilizou a Westfield Capital, empresa de consultoria com sede nos Estados Unidos da qual é proprietário, para receber US$ 782 mil da Odebrecht em troca de favores do governo.
O advogado de Kuczynski, César Nakazaki, disse nesta quinta-feira à emissora "RPP Notícias" que a prisão de seu cliente é ilegal. Segundo ele, a Justiça não pode prender o ex-presidente preventivamente devido a sua idade avançada.
"Se é proibido decretar a prisão preventiva para uma pessoa maior de 65 anos, com uma razão muito maior não se pode decretar a prisão preliminar de uma pessoa que tem 80 anos", ressaltou.
Além de Kuczynski, os últimos três ex-presidentes peruanos estão sendo acusados de envolvimento com corrupção: Alejandro Toledo (2001-2006), Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016).
A Odebrecht admitiu à Justiça dos Estados Unidos ter realizado o pagamento de propina em vários países da região em troca de ser beneficiada em licitações de obras públicas.
No Peru, as propinas ocorreram entre 2005 e 2014, tendo financiado campanhas dos ex-presidentes e também de opositores, como teria ocorrido com Keiko, acusada de receber US$ 1 milhão.