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França reconhece 'dívida' por testes nucleares na Polinésia Francesa

País realizou 193 testes nas ilhas do Pacífico Sul ao longo de 30 anos e população local sofre as consequências da radiação

Internacional|

Presidente da França, Emmanuel Macron, em visita oficial à Polinésia Francesa
Presidente da França, Emmanuel Macron, em visita oficial à Polinésia Francesa Presidente da França, Emmanuel Macron, em visita oficial à Polinésia Francesa

O presidente francês, Emmanuel Macron, reconheceu que a França tem "uma dívida" com a Polinésia Francesa por centenas de testes nucleares realizados neste território do Pacífico Sul ao longo de 30 anos, até 1996, mas não se desculpou.

"Assumo e quero a verdade e a transparência", disse Macron em Papeete, na terça-feira (27), dirigindo-se às autoridades polinésias no último dia de sua primeira visita ao arquipélago.

Em seu discurso, que começou e terminou com algumas palavras em polinésio, Emmanuel Macron reconheceu que esse problema afeta a "confiança" entre Papeete e Paris e disse que as vítimas desses testes - algumas delas com câncer - deveriam receber uma indenização melhor.

"A nação tem uma dívida com a Polinésia Francesa. Essa dívida é por ter sediado esses testes, especialmente entre 1966 e 1974, e não podemos afirmar de forma alguma que eles foram limpos", declarou ele, em meio a aplausos.

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Em 1966, a França mudou seu campo de tiro do Saara para a Polinésia Francesa, nos atóis de Mururoa e Fangataufa. Em 30 anos, 193 testes foram realizados nesta região. Até 1974, eles eram atmosféricos e, depois, passaram a ser subterrâneos.

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"Quero lhes dizer claramente que os militares que os fizeram não mentiram. Eles se expuseram aos mesmos riscos" que vocês, afirmou Macron.

"Acho que é verdade que não teríamos feito esses mesmos testes em Creuse, ou na Bretanha (cidades francesas da metrópole). Fizemos aqui porque ficava mais longe, porque estava perdido no meio do Pacífico", reconheceu.

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O presidente disse "assumir isso plenamente" e defendeu o general De Gaulle e seus sucessores por equiparem a França com armas nucleares.

Em seu discurso, Macron não pediu "perdão", como exigiam as associações de vítimas, ou o líder separatista, Oscar Temaru. 

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"Poderia me livrar do problema, dizendo 'desculpas', como você faz quando pressiona alguém para seguir seu caminho, é muito fácil. E é muito fácil para um presidente da República da minha geração dizer de alguma forma 'meus antecessores estavam errados (...) desculpas e indenizações'", acrescentou.

"Não há avanço neste discurso, pura demagogia (...) As mentiras do Estado continuam", lamentou o padre Auguste Uebe-Carlson, presidente da associação 193, em entrevista ao canal Polinésia 1ª.

Já o presidente da Polinésia, Edouard Fritch, aplaudiu o fato de Macron querer "finalmente que a verdade seja posta na mesa", após "25 anos de silêncio".

No que diz respeito às indenizações, Macron considerou que são "muito lentas". O presidente prometeu uma melhora no tratamento dos casos, porque o número de pessoas indenizadas por terem contraído doenças induzidas pela radiação continua "particularmente baixo", segundo o ministro de Ultramar, Sébastien Lecornu.

Ele disse ainda que os arquivos dos testes "serão abertos", com exceção de dados militares sensíveis.

Esses anúncios são feito cinco anos depois de então presidente François Hollande ter reconhecido, em 2016, o "impacto sobre o meio ambiente e a saúde" de 30 anos de testes.

No plano econômico, Emmanuel Macron anunciou um empréstimo para apoiar investimentos, especialmente para desenvolver a companhia aérea Air Tahiti Nui, além de novas medidas de isenção de impostos.

O presidente da França também encorajou os polinésios a se vacinarem contra a covid-19, porque é "a única saída" da atual crise.

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