'Hipopótamos da cocaína' de Pablo Escobar serão esterilizados e tirados da Colômbia
Ministra do Meio Ambiente do país já tem plano de ação para lidar com 169 animais que estão espalhados na mata
Internacional|Do R7
O megatraficante Pablo Escobar, morto em 1993, era cheio de peculiaridades e fez um monte de coisas estranhas ao longo da vida. Uma de suas maiores bizarrices foi levar para a Colômbia, ainda nos anos 1980, vários hipopótamos, animais que só existem na África. E os descendentes dos bichos de Escobar estão no país até hoje, soltos, causando vários problemas ambientais, já que são uma espécie invasora na região.
Ninguém parecia saber o que fazer com essa população, que vive espalhada na região de Puerto Triunfo, a 237 km de distância da capital, Bogotá, e onde ficava a fazenda do supertraficante. Há hoje 169 hipopótamos naquela área, e a estimativa é que esse número chegue a mil indivíduos em 2035 se nada for feito.
E é por isso que a ministra do Meio Ambiente da Colômbia, Susana Muhamad, anunciou na última quinta-feira (3) um plano para se livrar dos paquidermes. Ela pretende implementar controle de natalidade da espécie e também enviar vários animais a outros países.
“Os hipopótamos adquiriram a capacidade de abrir canais, mudando a dinâmica natural da água dos rios e dos pântanos, compactando o solo e causando erosões nas margens. Aqui não é o ecossistema natural dos hipopótamos, que são invasores e têm causado também problemas sociais”, disse Susana, segundo o jornal colombiano El Tiempo. Vale lembrar que um indivíduo da espécie morreu atropelado em abril deste ano numa estrada da Colômbia.
A ministra disse ainda que seu plano de controle populacional e de “exportação” dos hipopótamos será feito com ética e a partir de altos protocolos. A primeira ação de Susana em relação aos bichos será mesmo o envio de muitos deles a outros países. Assim, 85 paquidermes deixarão a Colômbia: 60 irão para a Índia, 15 para as Filipinas e 10 seguirão para o México.
O governo colombiano informou que todas essas transferências serão feitas sob a Convenção do Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas da Fauna e Flora Silvestres. É a primeira vez que o país pratica uma “exportação” desse tipo de animal.
A respeito de esterilização dos hipopótamos, a ministra disse que o procedimento será feito em 40 indivíduos por ano, a um custo de 40 milhões de pesos colombianos, cerca de R$ 47 milhões. “A esterilização começará dentro de seis meses com 20 hipopótamos. Nossa meta é avançar para 40 cirurgias anuais, o que nos levaria a conter a capacidade reprodutiva da população, mas isso não resolve o impacto ambiental [causado pelos animais]”, revelou Susana.
A ministra citou ainda a possibilidade de uso da eutanásia — morte provocada por médicos — caso os dois planos iniciais não deem resultados. Mas isso seria feito de maneira restrita e seguindo protocolos rígidos.
ORIGENS
Os hipopótamos são descendentes de três fêmeas e um macho que Escobar importou da África para seu zoológico particular.
Eles foram abandonados na Hacienda Nápoles (Fazenda Nápoles, na tradução do espanhol), a propriedade onde o traficante vivia, no departamento de Antióquia, a cerca de 180 km de Medellín. O local foi confiscado pelo Estado e hoje abriga um parque de diversões.
O zoo do traficante, que era aberto à visitação pública, tinha diversas espécies de animal, como girafas, elefantes e rinocerontes. Todos eles foram levados para outros centros depois que Escobar foi morto por policiais, em 1993, menos os hipopótamos, que se reproduziram e passaram a se espalhar pelo rio Magdalena.
O pai de todos, conhecido na Colômbia pelo apelido de El Viejo (O Velho, na tradução do espanhol), continua vivendo no lago da fazenda.
Alguns de seus descendentes mais jovens — e mais aventureiros — já foram vistos caminhando pelas ruas de cidades próximas à Fazenda Nápoles, como Puerto Triunfo. Pescadores da região também chegaram a capturar filhotes. O vídeo abaixo mostra o passeio do hipopótamo.