Irã afirma que sua adesão ao pacto nuclear é proporcional à da Europa
União Europeia disse estar preocupada com enriquecimento de urânio acima do permitido. Teerã disse estar tentando salvar acordo selado em 2015
Internacional|Da EFE
O governo do Irã respondeu nesta terça-feira (9) à União Europeia (UE) que seu cumprimento dos compromissos do acordo nuclear de 2015 é "proporcional" à adesão dos signatários europeus ao mesmo, mesmo depois de começar a enriquecer urânio acima do limite permitido.
"Nós cumpriremos nossos compromissos em proporção e na mesma medida em que eles estejam aderidos", declarou o porta-voz governamental iraniano, Ali Rabiei, citado pela agência de notícias oficial IRNA.
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O porta-voz reiterou que as medidas tomadas por Teerã para reduzir seus compromissos nucleares "são para salvar o acordo", que prevê no seu ponto 36 esta possibilidade, e não representam, ao menos por enquanto, uma ruptura do mesmo.
Rabiei fez estas declarações no mesmo dia em que a UE reforçou seu apelo ao Irã para que não tome mais medidas que vulnerem o acordo, depois que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) confirmou que Teerã está enriquecendo urânio acima do permitido no pacto.
"Estamos profundamente preocupados", declarou a porta-voz comunitária de Exteriores, Maja Kocijancic, que insistiu que Bruxelas pede ao Irã que "não tome medidas que sigam solapando o acordo e se atenha aos seus compromissos".
O acordo nuclear foi assinado em 2015 entre o Irã e seis grandes potências - Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha - com o objetivo de limitar o programa atômico iraniano em troca da suspensão das sanções internacionais contra o país persa.
Atualmente, o pacto está seriamente debilitado devido ao fato de os EUA terem se retirado em 2018 e voltado a impor sanções ao Irã, às quais os demais signatários não foram capazes de resistir.
Devido às sanções, no último mês de maio, o Irã anunciou que reduziria alguns dos seus compromissos nucleares, como a venda dos excedentes de urânio e água pesada, e que daria um ultimato ao demais signatários para garantir seus interesses econômicos.
Esse prazo expirou há dois dias sem que o Irã considerasse que suas necessidades tivessem sido satisfeitas, razão pela qual deu mais um passo e começou a enriquecer urânio a 4,5%, acima do 3,67% estipulado no acordo.
Este é o segundo descumprimento por parte do Irã, após superar há uma semana suas reservas de 300 quilos de hexafluoreto de urânio enriquecido a 3,67% também estabelecidos nesse pacto.