Irã garante que libertou menores de idade detidos durante protestos
Manifestações são lideradas principalmente por jovens e mulheres gritando 'mulher, vida, liberdade' desde a morte de Mahsa Amini
Internacional|Da EFE
O governo do Irã garantiu neste domingo (23) que todos os menores de idade detidos durante os protestos que sacodem o país desde a morte de Mahsa Amini foram libertados, em meio a denúncias sobre a repressão contra jovens e crianças.
"Não temos mais prisioneiros com menos de 18 anos, todos foram libertados", disse a vice-presidente iraniana para questões de mulheres, Ensie Jazali, segundo a imprensa do país.
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A vice-ministra não deu detalhes sobre o número de menores detidos desde que começaram os protestos pela morte de Amini em 16 de setembro, depois de ter sido presa três dias antes pela Polícia da Moral por usar incorretamente o véu islâmico.
Os protestos são liderados principalmente por jovens e mulheres gritando "mulher, vida, liberdade", lançando palavras de ordem contra o governo e queimando véus, um dos símbolos da República Islâmica, algo que seria impensável até bem pouco tempo.
Estudantes também se juntaram aos protestos agitando seus véus e pisoteando retratos do líder supremo do Irã, Ali Khamenei, que também se tornou alvo de gritos como "morte ao ditador".
Quase não há dados sobre o número de detidos ou mortos nessas mobilizações, e apenas poucos detalhes surgem nas declarações de figuras políticas.
O parlamentar Alireza Beigi, por exemplo, afirmou recentemente que 3.000 pessoas foram presas somente na província de Teerã, 200 delas estudantes universitários e outras 200 em idade escolar, ou seja, menores de idade.
O político também disse que essas 200 crianças foram libertadas sob fiança, juntamente com a maioria dos demais detidos.
Por sua vez, a agência de notícias “Fars”, próxima da Guarda Revolucionária, declarou recentemente que 41,8% dos detidos têm menos de 20 anos, 48,2% entre 20 e 35 anos e 10% mais de 35 anos.
O tratamento dos menores que participam dos protestos tem sido duramente criticado por grupos de direitos humanos.
A Anistia Internacional (AI) registrou pelo menos 23 menores mortos "com impunidade na brutal repressão aos protestos juvenis", apenas no mês de setembro. Entre as vítimas está um menino de 11 anos que morreu baleado.
Por sua vez, o Comitê da ONU para os Direitos da Criança afirmou que as autoridades iranianas "devem pôr fim a toda violência" contra menores nos protestos.
Alguns dos menores falecidos tornaram-se símbolos, como é o caso de Nika Shakarami, de 17 anos, e Sarina Esmailzadeh, 16, que morreram na repressão às mobilizações, segundo relatos de seus familiares, embora a versão das autoridades aponte que tenham morrido em “acidentes”.
Além disso, o Ministério da Educação iraniano confirmou há alguns dias que um número desconhecido de crianças foi enviada para centros de tratamento psicológico após serem detidas em protestos contra o governo.
Segundo a ONG Iran Human Rights, com sede em Oslo, a repressão policial aos últimos protestos no país causou pelo menos 108 mortes.