Iraque: clérigo pede que parlamento reavalie apoio ao governo
Protestos violentos já deixaram 400 mortos e repressão na quinta-feira (28) foi a mais violenta. Líder indicou que é necessário buscar novo premiê
Internacional|Do R7
O principal clérigo xiita do Iraque repudiou nesta sexta-feira (29) os ataques contra manifestantes e exortou parlamentares a reavaliarem o apoio ao governo, em uma aparente sugestão para que busquem uma troca de liderança no momento em que a violência está degenerando no país exausto de guerras.
O grande aiatolá Ali al-Sistani fez seus comentários após o dia mais sangrento em meses de tumultos antigoverno, durante os quais as forças de segurança mataram a tiros centenas de manifestantes e confrontos começaram a aumentar em províncias do sul.
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O governo "parece ter sido incapaz de lidar com os acontecimentos dos últimos dois meses... o Parlamento, do qual o atual governo emergiu, precisa reavaliar suas escolhas e fazer o que é do interesse do Iraque", disse um representante de Sistani em um sermão televisionado.
Sistani disse que ataques a ativistas pacíficos são "proibidos", mas também exortou estes últimos a rejeitarem a violência dois dias depois de manifestantes atearem fogo no consulado do Irã em Najaf, cidade sagrada do sul.
Os manifestantes "não podem permitir que manifestações pacíficas sejam transformadas em ataques contra propriedades e pessoas", disse.
O incêndio no consulado na quarta-feira provocou uma escalada da violência.
Dia mais violento de protestos
Na quinta-feira, forças de segurança mataram 46 pessoas em Nassiriya, outra cidade do sul, 12 em Najaf e quatro em Bagdá, elevando o saldo de morte de semanas de protestos para ao menos 408, a maioria manifestantes desarmados, de acordo com uma contagem da Reuters baseada em fontes médicas e policiais.
Os choques entre manifestantes e forças de segurança irromperam na manhã de sexta-feira em Nassiriya, deixando vários feridos, segundo fontes médicas.
Os "inimigos (do Iraque) e seus aparatos estão tentando semear o caos e a disputa interna para devolver o país à era da ditadura... todos devem trabalhar juntos para frustrar essa oportunidade", disse Sistani, sem entrar em detalhes.
Os tumultos representam a maior crise do Iraque em anos. Os manifestantes exigem a saída de uma elite governante dominada por xiitas e apoiada pelo Irã que vem se mantendo no poder desde a invasão liderada pelos Estados Unidos e a deposição do ditador sunita Saddam Hussein em 2003.