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Julgamento de El Chapo: membro do cartel de Abadía vira testemunha

Jorge Cifuentes contou que trabalhou no tráfico "desde criança" e detalhou operações de fornecimento ao cartel de Sinaloa, liderado por El Chapo

Internacional|Fábio Fleury, do R7

O juiz federal Brian Cogan preside o julgamento
O juiz federal Brian Cogan preside o julgamento

O colombiano Jorge Cifuentes, que durante anos trabalhou para o cartel do Norte do Vale, do megatraficante Juan Carlos Abadía, depôs nesta terça-feira (11) no julgamento do traficante mexicano Joaquín "El Chapo" Guzmán"e contou detalhes sobre o fornecimento de coca para o cartel de Sinaloa.

Ele foi o responsável por coordenar o transporte aéreo da Colômbia para o México, a partir de 1998. Suas tarefas incluíam: supervisionar as cargas que voavam nas aeronaves, se certificar que as pistas clandestinas eram do tamanho certo e alimentar os pilotos. Outra responsabilidade, segundo ele disse aos jurados, era se "certificar que os mexicanos não estavam bêbados".

Para o colombiano, tráfico de drogas era literalmente uma atividade familiar. Muitos de seus 8 irmãos eram traficantes e ele disse que começou a trabalhar no refino de cocaína desde criança, segundo relatou aos jurados e ao juiz federal Brian Cogan.

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Susto no pouso


Cifuentes contou que, em 2003, foi convidado para uma festa para comemorar o segundo aniversário da fuga de Chapo da prisão. Ele foi levado de avião para as montanhas de Sinaloa, no México, onde o chefão estava escondido.

De acordo com o relato do colombiano, o voo foi "terrível". Ele disse que o avião monomotor se aproximou do topo de uma montanha e a pista parecia curta demais. Ela terminava em uma inclinação, para que a aeronave perdesse velocidade conforme subisse.


Após descer do veículo, ele decidiu que daria um helicóptero de presente para Chapo, para que ele pudesse "voar de uma maneira mais civilizada".

Dinheiro não era problema


Dinheiro para isso não faltava. Cifuentes disse aos jurados que faturou mais de US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,1 bilhão) com o tráfico e investiu em negócios legítimos, como uma empresa de construção, uma fazenda de gado e uma empresa de mineração, entre outros.

Ele contou que pensou em abandonar a Colômbia após virar alvo das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Segundo a testemunha, os guerrilheiros ameaçaram matar sua mãe e sequestrar seu pai.

Para se vingar, ele comprou um arsenal para um grupo paramilitar que enfrentava as Farc: 5 mil rifles AK-47 e mais de 5 milhões de munições.

Quando esse grupo começou a dar mostras que queria um financiamento permanente, para controlar o tráfico de drogas em uma região da Colômbia, ele abandonou o país de vez.

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