Cerca de 100 líderes religiosos e comunitários da comunidade drusa na Síria viajaram a Israel no domingo (16), na primeira visita drusa ao país em meio século. Três ônibus transportaram o grupo, marcando o primeiro encontro desde a Guerra do Yom Kipur, em 1973, quando Egito e Síria lançaram um ataque contra Israel. A visita ocorre em meio à escalada da violência na Síria. O governo israelense afirmou estar pronto para proteger os drusos sírios após relatos de assassinatos em massa contra minorias religiosas no país. O porta-voz do governo israelense, David Mencer, classificou a situação como um “massacre de civis” e disse que Israel está preparado para agir, sem detalhar medidas. O conflito interno na Síria se intensificou na última semana, com combates entre forças ligadas ao novo governo islâmico sunita e grupos leais ao ex-presidente Bashar al-Assad. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos relatou centenas de mortes entre civis, combatentes alauítas e membros das forças de segurança do governo. A comunidade drusa, historicamente leal ao país onde reside, está dividida entre os que vivem no Monte Carmel, em Israel, e os que permanecem nas Colinas do Golã, ocupado por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Muitos drusos sírios têm familiares no Golã, e Israel anunciou que permitirá que eles trabalhem na região. No início de março, o governo israelense informou que suas forças estão em prontidão para defender uma cidade drusa nos subúrbios de Damasco, caso seja alvo de ataques pelas forças do governo sírio.Os drusos são uma minoria religiosa originária do Oriente Médio, com uma comunidade significativa presente em países como Líbano, Síria, Israel e Jordânia. Sua fé, que se ramifica do islamismo, combina elementos do cristianismo, do judaísmo e da filosofia grega antiga, sendo considerada uma religião independente por seus seguidores. Acreditam em reencarnação e na busca pelo conhecimento esotérico, além de seguir uma estrutura religiosa hierárquica com um clero especializado.Embora em muitos países os drusos vivam como cidadãos leais aos governos locais, sua posição política pode variar conforme o contexto. No Líbano, por exemplo, têm uma representação política significativa, enquanto na Síria, os drusos tradicionalmente apoiaram o regime de Bashar al-Assad, dado o histórico de proteção que o governo oferece à sua comunidade. No entanto, com o agravamento da guerra civil síria, muitos enfrentam perseguições e ataques.Em Israel, os drusos vivem principalmente nas Colinas do Golã e no Monte Carmel, onde gozam de uma relativa autonomia e são frequentemente integrados ao sistema de defesa e segurança do país. Apesar de sua lealdade a seus respectivos estados, os drusos mantêm fortes laços familiares e culturais entre as diferentes comunidades, especialmente entre os residentes do Golã sírio e os israelenses.