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Mianmar e Austrália expõem o impacto da internet na democracia

Militares limitam o acesso da população às redes sociais no país asiático e o Facebook tem uma disputa com a imprensa australiana

Internacional|Giovanna Orlando, do R7

Militares em Mianmar bloquearam internet para evitar protestos
Militares em Mianmar bloquearam internet para evitar protestos Militares em Mianmar bloquearam internet para evitar protestos

Cada vez mais presentes na nossa vida, as redes sociais se tornaram ferramentas para que as pessoas encontrem amigos, se informem e se sintam acolhidas. Nas plataformas digitais é possível se conectar com grupos que pensam como você, compartilham dos mesmos ideais e lutem pelos mesmos princípios. Por causa disso, esse ambiente virutal também se tornou protagonista em lutas políticas e embaraços legais.

Em fevereiro deste ano, Mianmar sofreu um golpe de Estado e a líder do país, Aung San Suu Kyi, foi presa. Uma junta militar assumiu o poder e pretende ficar no comando do país asiático por um ano. 

O golpe foi criticado pela comunidade internacional, que exige que a democracia seja retomada, e mobilizou manifestantes vão às ruas diariamente para protestar contra o controle dos militares. Para evitar que informações sobre a situação em Mianmar vazassem e para impedir que outros movimentos de oposição fossem organizados, o novo governo decidiu bloquear a internet do país.

Em 2011, a ONU oficializou a acesso à rede como um direito humano básico à medida que o indivíduo utiliza a internet para exercer sua liberdade de opinião e de expressão e para promover o progresso da sociedade como um todo.

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“O acesso à internet se torna interessante, até mesmo necessário, para que você consiga ter contato com uma pluralidade de crenças e ideias”, diz Carlos Piovezani, professor de Letras da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR) e autor do livro "A Linguagem Fascista".

Piovezani explica que a internet também permitiu que “grupos minoritários e marginalizados ecoassem suas vozes” e ressalta que essa “resistência já acontece há muito tempo na história”.

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Nos últimos dias, grupos pró-golpe militar entraram em confronto com opositores e a repressão da polícia já deixou 8 mortos, sendo que apenas 3 foram confirmadas pelos militares. Sem a possibilidade de ouvir o lado dos cidadãos, mesmo que de forma remota pela internet, é difícil de compreender a dimensão dos problemas. “Com as redes, você consegue uma repercussão muito maior das suas queixas”, diz o professor da UFSCAR.

O bloqueio na Austrália

Na Austrália, lei obriga gigantes da tecnologia a pagarem mídia por seus conteúdos
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O governo da Australia criou uma lei para obrigar as gigantes de tecnologia, como o Facebook e o Google, a pagar para as empresas de mídia pelo uso de notícias nas redes sociais. Na última semana, a empresa de Mark Zuckerberg rejeitou a decisão das autoridades e decidiu bloquear as páginas de notícia do país temporariamente.

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Segundo a professora de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo, Marislei Nishijima, a decisão da Austrália pode se tornar uma tendência entre os países ricos, principalmente na Europa, já que eles são mais preocupados com a questão do controle de dados. Isso porque a grande maioria das empresas de tecnologia começaram nos EUA e segue a legislação norte-americana, o que faz o controle na Europa “mais frágil”.

“O governo australiano viu que o Facebook ganha muito dinheiro e eles querem uma parte disso. Para eles, se os cidadãos repassam notícias que vem de jornais locais, o Facebook precisa pagar por isso”, explica a professora da USP.

"Caso essa tendência continue pelo mundo, as redes sociais podem ter dois futuros: ou elas serão pagas, ou deixarão de funcionar nestes países", pondera o o advogado e presidente da comissão de Direito Digital da OAB SP, Spencer Toth Sydow.

A rede social e o governo já entraram em um acordo e o Facebook e o Google decidiram que vão investir R$ 5 bilhões cadanos próximos 5 anos em conteúdo de notícias.

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