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Milhares de camponeses e indígenas protestam contra governo de Áñez

Os grupos reivindicam a wiphala, a bandeira de comunidades indígenas e símbolo do país e declaram como 'persona non grata' opositores de Evo

Internacional|Da Agência EFE

Manifestantes tomaram as ruas de La Paz nesta quinta-feira
Manifestantes tomaram as ruas de La Paz nesta quinta-feira

Milhares de camponeses e indígenas de diversas províncias do departamento de La Paz protestaram nesta quinta-feira na cidade homônima contra o governo da presidente interina da Bolívia, Jeanine Áñez, para reivindicar a wiphala, a bandeira de comunidades indígenas e símbolo do país.

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Os manifestantes também declararam como "persona non grata" o ex-presidente Carlos Mesa e os líderes cívicos Luis Fernando Camacho, de Santa Cruz, e Marco Antonio Pumari, de Potosí, entre outros opositores de Evo Morales, que renunciou à presidência no domingo passado.

Por outro lado, em uma praça no centro de La Paz, membros do Conselho Nacional de Ayllus e Markas del Qullasuyu (Conamaq), uma organização de povos indígenas bolivianos, entregaram uma declaração ao ministro interino da Presidência, Jerjes Justiniano, na qual pedem atos de reparação à wiphala.


Justiniano recebeu as reivindicações e disse aos manifestantes que sente muito pelos ultrajes à bandeira wiphala porque "esta não foi a vontade da população". O ministro prometeu que o governo interino "buscará mecanismos de reparação".

"Muita gente confundiu a wiphala com um partido político, mas a wiphala não é símbolo de um partido político, foi apropriada, lamentavelmente", o que "precisa ser reparado", disse o ministro, em referência ao Movimento ao Socialismo, partido de Morales.


La Paz, a mais afetada

Os danos contabilizados em La Paz, cidade que se tornou o epicentro de fortes distúrbios desde as eleições de 20 de outubro, já somam o equivalente a US$ 13 milhões.


De acordo com o prefeito da capital boliviana, Luis Revilla, essas perdas são o balanço dos danos causados "à propriedade municipal" na última semana. O governante pediu para que as pessoas que chegam a La Paz para protestar participem das manifestações "de maneira pacífica".

Já a prefeita de El Alto, Soledad Chapetón, afirmou que "poucos geram violência, ameaças e destroem o bem comum". Diante das acusações de que habitantes da cidade são responsáveis por grande parte dos distúrbios na vizinha La Paz, ela destacou que "os pacíficos são maioria".

A Bolivia está imersa em uma crise desde as eleições, com protestos inicialmente organizados contra Evo Morales por denúncias de fraude para ser reeleito para o quarto mandato consecutivo.

Morales renunciou à presidência no domingo e, no dia seguinte, viajou ao México, onde recebeu asilo. Desde então, apoiadores do ex-presidente têm realizado protestos contra o governo interino.

Segundo dados oficiais, os distúrbios derivados das manifestações já deixaram 12 mortos, 508 feridos e provocaram 460 detenções em 25 dias. 

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