Monte Rinjani: Conheça a trilha perigosa onde brasileira caiu na Indonésia
Percurso desafiante em vulcão ativo atrai turistas, mas exige preparo rigoroso e conta com riscos naturais e resgates complicados
Internacional|Do R7

Na madrugada de sábado (21), horário local da Indonésia, a brasileira Juliana Marins, de 26 anos, sofreu uma queda de aproximadamente 300 metros durante uma trilha no vulcão Rinjani, situado na ilha de Lombok.
O acidente aconteceu em uma das rotas mais difíceis e famosas do país, um destino muito procurado por turistas aventureiros.
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Com 3.726 metros de altitude, o Monte Rinjani é o segundo vulcão mais alto da Indonésia e integra o chamado “Anel de Fogo”, uma região conhecida por intensa atividade sísmica e vulcânica que circunda o Oceano Pacífico. Reconhecido como Geoparque Global pela Unesco em 2018, o local é também considerado sagrado pela população local.
A trilha para o cume do Rinjani é famosa por sua dificuldade. O trajeto pode durar entre dois e quatro dias, com diversas opções de roteiro, que incluem pernoites em acampamentos simples. Os visitantes enfrentam subidas íngremes, que somam mais de 2,6 quilômetros em altitude, além de terrenos escorregadios, florestas densas, cachoeiras e até um lago dentro da cratera do vulcão, chamado Segara Anak.
Para os aventureiros, a jornada é um dos melhores trekkings do sudeste asiático, mas exige preparo físico intenso, equipamentos adequados e acompanhamento de guias certificados. As condições climáticas são um fator crítico no percurso: temperaturas podem cair a 4°C, neblinas espessas dificultam a visibilidade, e o terreno poeirento pode causar riscos de escorregões, como infelizmente ocorreu com Juliana.
Juliana estava acompanhada por uma empresa local, a Ryan Tour, quando despencou em um trecho próximo à cratera. Ela ficou cerca de uma hora sozinha até ser localizada por outros turistas que passaram pelo local e acionaram as autoridades. Imagens feitas com drones mostraram a brasileira bastante debilitada, imóvel a cerca de 500 metros de profundidade em relação à trilha.
O resgate, porém, enfrenta dificuldades significativas. Por conta do mau tempo e das condições do terreno, as operações foram interrompidas temporariamente. A família da jovem reclama da lentidão e da falta de informações claras por parte das autoridades indonésias, aumentando a apreensão quanto ao estado da brasileira.
Além do desafio do terreno, o vulcão Rinjani é monitorado constantemente, pois já apresentou episódios de atividade que impactaram a região. Em 2016, por exemplo, uma erupção obrigou o fechamento do espaço aéreo local. Dois anos depois, um terremoto de magnitude 6,4 deixou mais de 680 pessoas isoladas na montanha, que tiveram de ser resgatadas com o auxílio de helicópteros.
Lombok, ilha onde o vulcão está localizado, integra o Arco de Sunda, uma cadeia de terrenos vulcânicos que inclui algumas das formações mais perigosas do mundo, como o Monte Kerinci, o mais alto da Indonésia. A região atrai turistas do mundo inteiro para experiências de trekking desafiadoras, mas que exigem atenção redobrada para os riscos naturais inerentes.
A trilha ao Monte Rinjani passa por dois acessos principais, nas vilas de Senaru e Sembalun, ambos pontos de partida para expedições que podem durar até quatro dias. A infraestrutura ao longo do percurso é limitada, com pontos de descanso básicos, o que reforça a necessidade de preparo e equipamento adequado para garantir segurança.
No Brasil, a família de Juliana acompanha com angústia as notícias e atualizações sobre o resgate. A jovem é natural de Niterói, no Rio de Janeiro, e sua queda repercutiu em redes sociais e na mídia internacional, destacando os perigos de aventuras em locais remotos e difíceis. Até o momento, as autoridades locais mantêm o monitoramento da situação, mas o clima desfavorável segue dificultando o acesso até Juliana.
