Nova Zelândia promove uso do véu em solidariedade às muçulmanas
Campanha será lançada na sexta-feira (22), uma semana após atentado de terrorista supremacista branco em Christchurch
Internacional|Da EFE
Uma campanha promoverá o uso do véu em solidariedade às muçulmanas na Nova Zelândia na próxima sexta-feira (22), exatamente uma semana depois do ataque perpetrado por um supremacista que deixou 50 mortos e 50 feridos em duas mesquitas de Christchurch.
"É imprescindível que cada mulher se sinta segura no país, incluindo as mulheres muçulmanas. A Nova Zelândia é uma sociedade inclusiva e uma desordem não pode mudar isto. Ninguém deve ter medo de expressar sua cultura", disse à Agência Efe Raewyn Rasch, criadora da campanha "Lenços em Solidariedade".
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Com um vídeo no qual uma jovem loira aparece colocando um lenço ao redor da cabeça como um hijab (véu islâmico), a campanha foi lançada no Facebook sob o lema criado pela primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern. "Eles somos nós".
Primeira-ministra usou hijab
Ardern já utilizou um hijab no dia seguinte à tragédia, quando viajou para Christchurch para dar apoio às vítimas, às famílias e à comunidade muçulmana.
"Os neozelandeses buscaram diversas formas de expressar o apoio à comunidade muçulmana", precisou Rasch, ao ressaltar que desconhece quantas pessoas se unirão à iniciativa de "Lenços em Solidariedade".
Na página do Facebook, algumas pessoas, como Gee Khalil, agradeceram "pelo apoio". "Me tocou o coração", enquanto as promotoras da campanha asseguraram que o Conselho Nacional de Mulheres Islâmicas do país disse que "o dia dos lenços pode ser uma das melhores formas de demonstrar solidariedade".
Muçulmanas temem sair de casa com véu
No entanto, há também algumas vozes críticas que qualificam a ideia de "ridícula" ou "equivocada".
Alguns muçulmanos na Nova Zelândia expressam sentir medo ao sair na rua, sobretudo as mulheres, por temor aos insultos e agressões de grupos neonazistas e supremacistas brancos.
Iniciativas de solidariedade com o hijab foram feitas no passado em diversos países como Austrália em apoio às muçulmanas e ao direito a usar o véu.
A campanha coincide com o retorno dos muçulmanos às mesquitas para o tradicional reza Yumu'ah de sexta-feira, uma jornada que será transmitida pela cadeia nacional com dois minutos de silêncio em todo o país em lembrança das vítimas.
O australiano Brenton Tarrant foi acusado como o autor do ataque contra as mesquitas de Al-Noor e Linwood, nas quais disparou à queima-roupa contra os muçulmanos que estavam no interior do local para a reza de ema sexta-feira.