O líder congolês que será enterrado dois anos após sua morte
Etienne Tshisekedi era opositor ao antigo governo e morreu na Bélgica. Durante dois anos, o ex-presidente proibiu o velório na RDC
Internacional|Beatriz Sanz, do R7
Félix Tshisekedi, o atual presidente da República Democrática do Congo (RDC), irá finalmente enterrar o corpo de seu pai, Etienne, que morreu em fevereiro de 2017.
Tshisekedi pai era um ferrenho opositor ao antigo governo e morreu na Bélgica. Desde então, a família se recusava a enterrá-lo em outro país e o ex-presidente Joseph Kabila insistia em proibir o velório na RDC.
Com a mudança de poder, muito questionada dentro do país, o corpo de Etienne Tshisekedi chegou ao país natal em um clima de festa. Um avião cedido pelo presidente Faure Gnassingbé, do Togo transportou o corpo.
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No aeroporto, uma multidão de apoiadores aguardava a chegada, usando roupas brancas para simbolizar que o líder morto não era corrupto.
Nesta sexta-feira (31), o caixão com os restos mortais de Etienne foi exposto para uma multidão emocionada no Estádio dos Mártires.
Segundo a BBC, líderes religiosos vão averiguar o corpo para confirmar que se trata do pai do presidente.
O sepultamento, com honras de chefe de Estado, está marcado para acontecer no sábado (1) e contará com a presença de outros líderes africanos, como os presidentes Denis Sassou Nguesso, Paul Kagame e João Lourenço, do Congo-Brazzaville, Ruanda e Angola, respectivamente.
Uma vida política
Tshisekedi sempre sonhou em ser presidente da RDC, mas nunca alcançou seu objetivo. Ele foi ministro do interior no regime de Mobutu Sese Seko, até se juntar à oposição. Foi preso e depois de liberto fundou a União pela Democracia e Progresso Social (UDPS), o partido que hoje é controlado por seu filho.
Além disso, ele travou uma longa batalha contra outra dinastia política congolesa: a família Kabila.
Laurent e Joseph Kabila, pai e filho, foram dois líderes da RDC. A disputa era tão intensa que Tshisekedi chegou a ser espancado em uma durante uma corrida eleitoral.
Agora que Félix está no poder, as dinastias concordaram em trabalhar juntas, realizando a primeira transição pacífica do poder desde que a República Democrática do Congo se tornou independente da Bélgica em 1960.