O que se sabe sobre as ilhas do Japão que registraram mais de mil terremotos em duas semanas
Ilhas Tokara enfrentam intensa atividade sísmica desde o último dia 21, levando à evacuação temporária de moradores
Internacional|Do R7
O arquipélago de Tokara, localizado ao sul da região de Kyushu, no Japão, já registrou 1.031 terremotos desde o último dia 21 até esta quinta-feira (3). É a série de tremores mais intensa em 30 anos, segundo a Agência Meteorológica do país.
O mais recente dos tremores, nesta quinta, atingiu magnitude 5,5 e levou as autoridades a emitir uma ordem de evacuação temporária para os 89 moradores da pequena Ilha Akuseki, uma das sete ilhas habitadas do arquipélago.
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As Ilhas Tokara, um grupo de 12 ilhas remotas, das quais sete são habitadas por uma população total de cerca de 700 moradores, têm enfrentado uma atividade sísmica incomum nas últimas duas semanas.
De acordo com a Agência Meteorológica, o terremoto de magnitude 5,5 desta quinta-feira teve seu epicentro na costa entre as ilhas de Akuseki e Kodakara, a uma profundidade de cerca de 20 quilômetros.
Na quarta (2), outro tremor de mesma magnitude já havia sido registrado na região. Apesar da intensidade, as autoridades dizem que não há risco de tsunami nem relatos de danos graves ou feridos até o momento.
Após verificarem que todos os moradores de Akuseki estavam em segurança, a ordem de evacuação foi suspensa, mas as autoridades permanecem em alerta, segundo o jornal The Japan Times.
“Nas áreas onde os tremores foram fortes, há um risco aumentado de colapso de casas e deslizamentos de terra”, disse Ayataka Ebita, diretor da divisão de observação de terremotos e tsunamis da Agência Meteorológica do Japão.
Ele recomendou que os moradores fiquem atentos a possíveis tremores de magnitude semelhante nos próximos dias.
Um centro de gerenciamento de crises foi estabelecido no Gabinete do Primeiro-Ministro após o terremoto desta quinta-feira, de acordo com o Japan Times.
O Secretário-Chefe de Gabinete, Yoshimasa Hayashi, informou em coletiva de imprensa que não houve danos à infraestrutura ou serviços públicos, mas reforçou a necessidade de vigilância.
Por que tantos terremotos?
Localizado na borda do “Anel de Fogo” do Pacífico, o arquipélago está sobre quatro grandes placas tectônicas e registra cerca de 1.500 tremores por ano, o que representa aproximadamente 18% dos terremotos globais, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).
As Ilhas Tokara, em particular, têm um histórico de atividade sísmica intensa. Em setembro de 2023, a região registrou 346 terremotos. Em dezembro de 2021, foram 308 tremores, incluindo um de magnitude 6,1.
Os riscos na região são reflexos de um cenário que afeta todo o país. Em 2011, um tremor de magnitude 9,0 gerou um tsunami que deixou 18,5 mil mortos ou desaparecidos e causou o colapso da usina nuclear de Fukushima, um dos piores desastres nucleares da história.
O Japão também vive sob constante ameaça de um “mega terremoto” na Fossa de Nankai, uma área geologicamente ativa ao largo da costa.
Em janeiro, um painel do governo japonês elevou a probabilidade de um grande tremor nessa região nos próximos 30 anos para 75–82%. Um relatório divulgado em março estima que um evento desse tipo, seguido de tsunami, poderia causar até 298 mil mortes e prejuízos de até US$ 2 trilhões (cerca de R$ 10,8 trilhões).
Previsões de terremotos e boatos
A intensa atividade sísmica nas Ilhas Tokara reacendeu temores entre alguns turistas estrangeiros, alimentados por boatos nas redes sociais.
Um mangá relançado em 2021, que previu um grande desastre para 5 de julho deste ano, tem gerado preocupações infundadas. “Estamos cientes de que essas histórias estão circulando, mas isso é uma farsa”, afirmou Ebita.
Ele destacou que, com a ciência e a tecnologia atuais, não é possível prever terremotos.
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