Obama: Américas não devem "manter silêncio" sobre situação na Venezuela
Internacional|Do R7
Washington, 9 abr (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou que nem seu país nem o continente americano devem "manter silêncio" em relação à situação na Venezuela, uma nação que, segundo sua opinião, enfrenta atualmente "enormes desafios" e com cujo governo Washington continua aberto ao "diálogo direto". "Não acreditamos que a Venezuela seja uma ameaça para os Estados Unidos, e os Estados Unidos não são uma ameaça para o governo da Venezuela", ressaltou Obama em entrevista exclusiva à Efe, realizada antes de viajar para o Panamá para participar da 7ª Cúpula das Américas. "Mas continuamos muito preocupados com como o governo venezuelano continua se esforçando para intimidar seus adversários políticos, incluindo a detenção e acusação por acusações políticas de funcionários eleitos, e a erosão contínua dos direitos humanos", acrescentou Obama. Por isso, ele explicou que as sanções que anunciou em março por meio de uma polêmica ordem executiva "eram voltadas a dissuadir a violação de direitos humanos e a corrupção" na Venezuela. De acordo com Obama, essas sanções são contra as pessoas "responsáveis por perseguir os adversários políticos, restringir a liberdade de imprensa, usar a violência e por detenções arbitrárias". "Estas sanções não querem solapar o governo venezuelano nem promover a instabilidade na Venezuela", destacou Obama. A ordem executiva com a qual Obama autorizou essas sanções contra funcionários do governo de Nicolás Maduro e declarou a Venezuela uma "ameaça" para a segurança dos EUA piorou as já conflituosas relações bilaterais. Mas ambos os governos deram nesta quarta-feira um passo que pode ajudar a diminuir as tensões às vésperas da Cúpula do Panamá, com a reunião em Caracas entre o alto conselheiro do Departamento de Estado americano Thomas Shannon e a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez. Foi o encontro bilateral de mais alto nível em anos e, segundo a Chancelaria venezuelana, Rodríguez ratificou a Shannon a "exigência" de que seja derrogada a ordem executiva de Obama em março. "Quero falar claro. Nosso interesse principal é em uma Venezuela que seja próspera, estável, democrática e segura. Queremos que o povo venezuelano vença e prospere", disse Obama na entrevista. Além disso, ele destacou que os EUA são o maior parceiro comercial da Venezuela, com um comércio bilateral de mais de US$ 40 bilhões por ano, e que existem "conexões muito profundas e duradouras" entre os cidadãos de ambos os países. "Acredito firmemente no compromisso diplomático, e os Estados Unidos continuam abertos ao diálogo direto com o governo venezuelano para discutir qualquer tema de interesse mútuo", disse Obama. Segundo o presidente americano, o "diálogo interno" para encontrar uma "solução política às divisões que fragmentam a sociedade venezuelana" é o "melhor caminho" para a Venezuela, um país que "enfrenta enormes desafios neste momento". "Vamos continuar trabalhando de perto com outros na região para encorajar o governo venezuelano a realizar seu compromisso de promover e defender a democracia", prometeu o presidente. Segundo Obama, a Cúpula do Panamá é um "momento importante" para que todos os líderes da região reafirmem seu compromisso com os "princípios e valores" da Carta Democrática Interamericana. EFE mb/ma/id (foto)