ONU chega a Zaporizhzhia para inspecionar usina nuclear

Instalação está sob controle russo desde março, e nas últimas semanas tem sido alvo de ataques sem reivindicação de autoria

31/08/2022 - 15h19 (Atualizado em 20/04/2024 - 05h38)

Uma equipe de especialistas da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) chegou nesta quarta-feira (31) à cidade ucraniana de Zaporizhzhia, de onde irão para a usina nuclear de mesmo nome, ocupada pela Rússia desde março.

Os especialistas vão realizar uma inspeção destinada a evitar uma catástrofe na usina, que está sendo atacada há semanas — as partes em conflito se acusam de ter interesse em provocar uma tragédia no local.

"Minha missão é uma missão técnica para evitar um acidente nuclear e preservar a maior usina de energia nuclear da Europa. É nisso que estamos nos concentrando", disse a jornalistas Rafael Grossi, chefe da AIEA.

"A missão vai durar alguns dias, e se formos capazes de estabelecer uma presença permanente, ou melhor, contínua, então ela será estendida", declarou ele, já na Ucrânia, de acordo com um vídeo distribuído pela AIEA.

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A equipe de 14 especialistas, liderada pelo diplomata argentino, irá à usina ocupada pela Rússia desde os primeiros dias de invasão à Ucrânia. Perguntado se uma desmilitarização precoce da central nuclear é possível, Grossi afirmou que se trata de uma decisão política dos países em guerra, especialmente da Rússia.

O diretor-geral destacou que um dos objetivos da visita será conversar com os funcionários ucranianos que trabalham na usina e que, segundo a AIEA, estão sob enorme estresse físico e mental.

A usina foi recentemente bombardeada, o que danificou algumas das instalações, e a AIEA vem alertando há meses sobre o risco de um desastre nuclear.

Menino segura bandeira da Ucrânia em cima de um tanque de guerra russo, em Kiev

O cientista político e pesquisador da USP Pedro da Costa Júnior sustenta que a ordem mundial mudou após a invasão russa da Ucrânia. Para ele, o presidente russo Vladimir Putin e o presidente chinês Xi Jinping saíram fortalecidos quando “desafiaram uma ordem que até então era hegemônica ao firmarem uma aliança sem limites”

O documento em questão foi assinado pelos líderes em 4 de fevereiro, estabelecendo parceria sem precedentes entre os dois países, que também se posicionaram contrários à hegemonia americana

“A declaração conjunta entre a Rússia e a China mostra que os EUA e os aliados do Ocidente não ditam mais as regras nas relações internacionais, não de maneira única. Isso é muito importante porque não acontecia desde o final da Guerra Fria. Nos últimos 30 anos, apenas os EUA e os seus aliados tinham a iniciativa para fazer uma guerra nessa escala”, conclui Costa Júnior

Gunther Rudzit, professor de relações internacionais da ESPM, pondera que “Putin não se tornou um pária, ele já viajou para outros países depois da guerra, assim como seu ministro das Relações Exteriores. Entretanto, com certeza ele sofreu uma redução na percepção de que a Rússia não é uma grande potência, e agora é muito dependente da China, e isso terá implicações na política externa russa"

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson renunciou ao cargo na última quinta-feira (7), após grande pressão para tomar a decisão e depois da renúncia de 59 membros de seu governo desde a última terça-feira (5). "Claramente, a vontade do Partido Conservador agora é que deve haver um novo líder e, portanto, um novo primeiro-ministro. Eu continuarei até que um novo nome esteja no meu lugar", disse. Segundo ele, o processo de escolha deve começar imediatamente, e o cronograma será divulgado na próxima semana

Assim como ele, o primeiro-ministro italiano Mario Draghi apresentou sua renúncia depois que seu governo de coalizão entrou em colapso

Nos EUA, o presidente Joe Biden sofre com baixos índices de popularidade e o partido Democrata teme grandes derrotas nas eleições de meio de mandato

O professor Gunther Rudzit afirma que até mesmo o presidente ucraniano Volodmir Zelenski, que em um primeiro momento saiu como herói, agora tem sua atuação contestada. “Ele ganhou uma notoriedade que não tinha, mas não é certeza que consiga manter esse status caso a guerra se prolongue por meses ou até mesmo anos, pois isso pode trazer o desinteresse ocidental"

Parentes e amigos choram ao lado de um caixão com o corpo de um militar ucraniano

A guerra na Ucrânia, que pôs à prova o poder de líderes mundiais, completa seis meses nesta quarta-feira (24). Em um conflito que parece longe de terminar, Rússia e China estreitam seus laços enquanto o Ocidente tenta conter os estragos dos combates