Papa Bento 16 deve se submeter à justiça dos homens
Crimes de abuso sexual e pedofilia não podem ser anulados ou encobertos com um mero pedido de perdão
Internacional|Marco Antonio Araújo, do R7
O pedido de perdão feito pelo papa emérito Bento 16 pode servir de expiação pessoal para o pontífice, mas não será mais do que isso se dele não vierem os detalhes do que confessou saber e, principalmente, se não ele sofrer uma punição secular, terrena, prevista na lei dos homens e a que todo ser humano está sujeito.
O pontífice pode até obter o perdão divino, mas deve responder na Justiça pelos abusos sexuais e crimes de pedofilia que chegaram ao seu conhecimento durante o longo tempo em que exerceu diferentes funções na Igreja Católica.
Sua omissão e seu silêncio certamente foram piedosos com os clérigos que comentaram atrocidades. No entanto, nenhum sacerdócio desobriga um líder, ainda mais quando ele tem tamanho poder, de encaminhar às autoridades judiciais os crimes hediondos que chegam a seu conhecimento.
Acobertar violência e perversão, ignorar vítimas menores de idade, nunca foi um privilégio macabro reservado às chamadas santidades da Igreja Católica – ou a qualquer outra.
Joseph Ratzinger pede que "peçamos publicamente ao Deus vivo que perdoe nossas culpas, nossas grandes e grandíssimas culpas". Pois que se penitenciem fartamente. Isso não nos obriga a considerar que o assunto esteja encerrado. O que ocorreu foi terrível demais e não pode ficar enterrado feito escombros do Vaticano.