Paradeiro de jornalista russa que protestou na TV segue desconhecido
Kremlin descreveu a invasão do programa como um 'ato de vandalismo'; se for condenada, mulher poderá pegar 15 anos de prisão pelo crime de 'falsidade'
Internacional|Do R7
O paradeiro da jornalista Marina Ovsyannikova, que na segunda-feira invadiu o set de uma emissora de TV russa e mostrou um cartaz contra a invasão da Ucrânia, permanece desconhecido, informou nesta terça o portal OvdInfolive, uma ONG que defende os detidos pelos protestos na Rússia.
Segundo o portal, a jornalista pode ser acusada do crime de "falsidade" em relação às ações do Exército russo, contemplado no Código Penal da Federação Russa, e, em virtude da reforma aprovada pelo Parlamento no último dia 4, ela pode ser condenada a até 15 anos de prisão.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, descreveu hoje a atitude de Ovsyannikova como a de um "hooligan": "Quanto a essa mulher, trata-se de um ato de vandalismo. O canal e as respectivas agências estão investigando isso".
Marina Ovsyannikova, jornalista da emissora de TV Channel One Russia, invadiu ontem a transmissão ao vivo do noticiário noturno Vremya gritando palavras de ordem e segurando um cartaz contra a guerra na Ucrânia. Ela foi presa em seguida.
"Nada de guerra. Acabe com a guerra. Não acredite na propaganda. Eles estão mentindo para você. Russos contra a guerra", dizia o cartaz da jornalista.
Ao mesmo tempo, ela gritou "pare a guerra" e "sem guerra" várias vezes no meio da transmissão.
O canal, uma das principais estações da televisão estatal da Rússia, confirmou o incidente e abriu uma investigação sobre o que chamou de "acidente com um intruso".
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Mais de 15 mil pessoas foram presas na Rússia desde o início da invasão da Ucrânia, há 20 dias.
A jornalista afirmou em mensagem nas redes sociais, antes de realizar sua ação de protesto, que o que estava acontecendo na Ucrânia era "um verdadeiro crime" e que a Rússia era "o agressor".
"A responsabilidade por esse crime recai apenas sobre a consciência de uma pessoa, e essa pessoa é Vladimir Putin", disse ela.
"A Rússia deve parar imediatamente com a guerra fratricida para que nosso povo unido ainda possa se reconciliar", disse a jornalista em mensagem divulgada nas redes sociais e publicada em sua conta no Twitter pelo portal de oposição OvdInfolive.
Outra jornalista, Lilia Gildeeva, que trabalhava para a emissora desde 2006, deixou a Rússia e escreveu uma carta com pedido de demissão do exterior. "Primeiro eu saí, eu estava com medo de que eles simplesmente não me deixassem ir, então depois eu escrevi uma declaração", disse Gildeeva em sua mensagem, que ela enviou hoje ao blogueiro russo Ilya Varlamov.
Lilia Gildeeva trabalhava para o canal desde 2006 e no passado sua carreira profissional foi reconhecida pelo próprio presidente Vladimir Putin.