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Pela 1ª vez, alinhamento político entre UE e Mercosul favorece acordo

Empecilhos seriam Brexit e instabilidade de governo brasileiro

Internacional|Ana Luísa Vieira, do R7

Exportação de produtos agrícolas para a UE seria ganho para Brasil
Exportação de produtos agrícolas para a UE seria ganho para Brasil Exportação de produtos agrícolas para a UE seria ganho para Brasil

Às vésperas da visita do vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen, ao Brasil, crescem as expectativas em torno das negociações entre Mercosul e UE (União Europeia). Katainen deve chegar a Brasília nesta sexta-feira (10) com o intuito de agilizar o processo para que os blocos cheguem a um acordo antes do final do ano. Para Fabrízio Panzini, gerente de Negociações Internacionais da CNI (Confederação Nacional da Indústria), o ambiente atual é altamente favorável a uma resolução.

— Essa negociação já existe há vários anos, mas entendo que hoje esteja em um patamar diferente porque, do lado do Mercosul, temos governos — especialmente no Brasil e na Argentina — muito mais alinhados politicamente com a UE. Do lado europeu, por sua vez, os principais líderes já manifestaram o desejo de manter vivas as agendas das negociações de acordos comerciais. Então, as mensagens políticas dos dois lados são importantes e positivas.

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Demetrius Pereira, professor de Relações Internacionais da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), engrossa o coro. Para ele, os governos mais alinhados à direita — como Temer e Mauricio Macri — tendem a se aproximar de países mais ricos, como é o caso das nações europeias. O especialista reforça que Alemanha e França, principais economias da UE, também já se mostraram favoráveis à aproximação com o Mercosul.

— O que pode ser um empecilho para o fechamento de um acordo é a instabilidade do governo brasileiro, que não tem apoio popular. Como o Brasil é uma economia importante, acaba afetando todo o bloco. No caso da UE, o Brexit e as negociações da saída do Reino Unido também podem afetar negativamente, já que os britânicos são muito favoráveis a acordos de livre comércio e agora deixam de participar das reuniões.

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Em termos econômicos, os especialistas destacam que o grande benefício para o Mercosul seriam as exportações de produtos agrícolas e agroindustriais para a Europa — a exemplo das carnes, do açúcar, da laranja e do etanol. “O problema é que a Europa é mais protecionista justamente nessa área”, pondera Panzini. Mas na opinião de José Niemeyer, coordenador de Relações Internacionais do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), a União Europeia tem revisto seus conceitos — principalmente porque o Brasil, nos últimos anos, aumentou sua competência de produção agrícola.

— Nós aumentamos nossa competitividade especialmente porque hoje somos referência na chamada agricultura de precisão, que utiliza a tecnologia de informação para avaliar a viabilidade do solo e do clima. 

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Em relação à UE, o maior ganho seriam as exportações de produtos industriais para a América do Sul. Especialmente para o setor automobilístico, conforme lembra Demetrius Pereira: "Durante muito tempo, os europeus tiveram de abrir fábricas de automóveis para conseguir vender carros aqui, porque exportar ficaria muito caro. A ideia agora seria aumentar o número de exportações", diz. O gerente de Negociações Internacoinais da CNI endossa, por sua vez, que a negociação não se trata de uma "guerra" entre agricultura e indústria. 

— Esses acordos comerciais têm efeito dinâmico, então nós esperamos que qualquer resolução aumente os investimentos europeus no Brasil. 

Dados do MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços) apontam que, em 2017, o Brasil já teve um superávit de 58 bilhões de dólares na balança de importações e exportações com a União Europeia até o momento. No ano passado, o mesmo período havia registrado um superávit de 38,5 bilhões. 

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