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Perdeu o fio da meada do Brexit? Relembre os 3 anos de vai e vem

Referendo de 2016 rendeu a renúncia de dois primeiros-ministros, adiamentos, Parlamento complicado e ainda não está perto da saída definitiva

Internacional|Giovanna Orlando, do R7

Referendo de 2016 ainda está longe de ser concluído
Referendo de 2016 ainda está longe de ser concluído

Depois de três anos de muita ladainha, acordos, quedas de primeiros-ministros e adiamento de prazos, o Brexit ainda não saiu. O processo todo começou com um plebiscito em 2016, quando David Cameron, então primeiro-ministro, pediu para os britânicos votarem se queriam permanecer ou sair da União Europeia.

Desde então, o Reino Unido já passou por três premiês e adiou o Brexit inúmeras vezes, e pode ter que esperar até 2020 para uma decisão final. Nesse tempo, o Parlamento deixou claro que é contra o referendo e bloqueou todos os acordos com os premiês.

Caso você tenha se perdido em algum ponto chave do divórcio, segue um resumo das partes mais importantes do Brexit:

O referendo


O referendo do Brexit foi criado pelo então primeiro-ministro britânico, David Cameron, que pediu para eleitores britânicos decidirem se queriam que o Reino Unido continuasse sendo parte ou não da União Europeia.

No dia 23 de junho de 2016, eleitores da Inglaterra, Irlanda do Norte, País de Gales e Escócia compareceram a 41 mil zonas eleitorais. Os dados oficiais apontam que 33,5 milhões de pessoas votaram, representando cerca de 72% do eleitorado britânico.


A decisão de sair da União Europeia venceu, com 52% dos votos. O resultado deixou ainda mais clara a divisão existente no arquipélago.

Primeiro-ministro fez campanha de permanência na União Europeia
Primeiro-ministro fez campanha de permanência na União Europeia

A saída de David Cameron


Apesar de ter idealizado o plebiscito, o premiê renunciou ao cargo no dia 24 de junho, um dia depois do resultado do plebiscito. No discurso de despedida, Cameron, que havia liderado a campanha pela permanência no bloco, disse que a escolha do povo tinha que ser respeitada, mas que “o país precisa de uma nova liderança”.

Com a saída de Cameron, o futuro do Reino Unido ficou ainda mais incerto.

Logo após a saída de Cameron, a União Europeia pediu rapidez no processo de divórcio e esperavam ativar o artigo 50 do Tratado de Lisboa, que regula o desligamento de um país-membro.

"O Reino Unido tomou uma decisão e hoje não senta mais na mesa que sentava ontem à noite", disse o presidente da Comissão Europeia, Jean Claude Juncker na ocasião.

Theresa May assumiu cargo após ficar sozinha na disputa
Theresa May assumiu cargo após ficar sozinha na disputa

A nova premiê

Cameron deixou o cargo mais poderoso do Reino Unido vacante, e logo a disputa para quem assumiria começou. Boris Johnson tinha interesse na posição, mas abandonou a corrida logo no começo.

“Consultei amigos e tendo em vista as circunstâncias do Parlamento, concluí que essa pessoa [premiê] não pode ser eu", disse Johnson na época.

A então ministra do Interior, Theresa May, assumiu o cargo após ficar sozinha na campanha, se tornando a primeira mulher a assumir o cargo em 25 anos.

A primeira recusa

Depois de assumir o cargo, começavam os desafios de May. Ela anunciou, no começo de 2017, a saída do Reino Unido do mercado europeu único, e que a decisão da saída do bloco seria votada no Parlamento.

Com a entrega da carta à União Europeia, começou o prazo de 2 anos para a oficialização da saída do Reino Unido do bloco, que acabou no começo de 2019.

Em junho de 2017, a UE rejeitou o primeiro acordo de May, alegando que ele não dava muitas garantias aos europeus. O entrave estava no pedido da UE para que a Justiça europeia supervisione os direitos dos cidadãos em território britânico.

Questão da fronteira

Depois, começou a difícil missão de entrar em um acordo sobre a fronteira entre Irlanda e Irlanda do Norte (algo que não foi decidido até agora).

Os irlandeses defendem que a Irlanda do Norte, que é controlada pela coroa, tem que sair do bloco nos mesmo termos que o resto do Reino Unido, e outros temem que a criação de uma nova fronteira entre as duas Irlandas aumente a violência na região.

Perto do acordo?

Em setembro de 2018, o Reino Unido e a União Europeia estavam "se aproximando" de um acordo para a desfiliação, que definia que o arquipélago deixaria o bloco em março de 2019. A expectativa era fechar um acordo para a saída até novembro.

Em novembro, Theresa May disse ter conseguido um acordo com o bloco europeu e cancelou uma votação importante no Parlamento sobre a fronteira irlandesa. Na época, ela disse que realizaria conversas de emergência com líderes da União Europeia para discutir possíveis mudanças nas negociações em curso.

A decisão fez com que ela enfrentasse um voto de não-confiança vindo do próprio partido.Ela conseguiu se manter no cargo, com 335 votos a favor do governo e 306 contra.

Com a crise dentro do Parlamento, May teve que "garantias extras" para garantir que a Casa dos Comuns aprovasse o acordo do Brexit. O plano não deu certo e o Parlamento rejeitou, pela primeira vez, o acordo, com 432 votos contra e 202 a favor.

Sem acordo, sem Brexit

Um dos pontos mais importantes na longa briga pelo Brexit é a saída dura. Nesse caso, o Reino Unido deixaria a União Europeia mesmo sem um acordo sobre a fronteira, algo que o Parlamento sempre recusou, ainda que longe de uma unanimidade.

Na votação de janeiro de 2019, o Brexit duro foi cancelado por 318 votos contra e 310 a favor.

Fim do prazo

Em março, perto da data final definida por May em 2017, o Parlamento rejeitou pela segunda vez o acordo do Brexit. Dessa vez, ele incorporava garantias adicionais em relação à primeira versão do acordo, como o mecanismo para evitar a criação de uma fronteira entre as duas Irlandas.

Com o fim do prazo se aproximando, começaram os adiamentos. May pediu para a União Europeia um novo prazo final, para o final de junho. A UE só aceitou com algumas condições.

May renunciou após terceira derrota no Parlamento
May renunciou após terceira derrota no Parlamento

‘Lutei’

May tentou pela terceira vez passar o acordo do Brexit, no final de março, e o Parlamento rejeitou novamente. Por 286 votos a favor e 344 contrários, a Câmara se recusou a dar o sinal verde ao texto sobre os termos da saída.

Quase perdendo o cargo, a União Europeia dificultou ainda mais a situação de May, e deu um novo prazo para outubro de 2019, 4 meses a mais do que a premiê havia pedido.

May se viu sem saída e renunciou ao cargo no final de maio.

Boris Johnson era grande favorito para cargo
Boris Johnson era grande favorito para cargo

A chegada de Boris

Boris Johnson sempre foi o candidato preferido para o cargo de primeiro-ministro. Com uma posição muito mais dura que May, ele prometeu que passaria um acordo do Brexit pelo Parlamento e que o Reino Unido deixaria a UE ainda este ano.

Johnson pediu para fechar o Parlamento por um mês para a Rainha, que aprovou o pedido. Os parlamentares lutaram e conseguiram que o recesso parlamentar fosse mais breve.

Novamente em pauta, o Parlamento aprovou uma lei que barra o Brexit duro, forçando o governo a chegar a um acordo sobre a questão das fronteiras.

Em outubro, Johson chegou a um acordo sobre o Brexit com a União Europeia. Agora, o acordo precisa ser aprovado pelo Parlamento.

Contrariando a própria vontade, o premiê precisou pedir um adiamento para a União Europeia, dessa vez até fevereiro de 2020.

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