Polícia alerta que reprimirá protesto da oposição em Moscou
O líder opositor Alexei Navalny foi detido nesta mesma semana para evitar que lidere o protesto e terá que cumprir 30 dias de detenção
Internacional|Da EFE
A polícia de Moscou alertou nesta sexta-feira (26) que reprimirá por todos os meios o protesto não autorizado da oposição, que convocou para o sábado uma manifestação para reivindicar o registro de candidatos para as eleições municipais de setembro.
"A polícia utilizará todos os meios necessários para garantir a segurança dos cidadãos, prevenir e impedir a alteração da ordem pública", informou um porta-voz da polícia da capital à agência "Interfax".
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De acordo com a fonte, os organizadores da manifestação foram advertidos por escrito que o ato é ilegal. Além disso, o líder opositor Alexei Navalny foi detido nesta mesma semana para evitar que lidere o protesto e terá que cumprir 30 dias de detenção.
"Apesar das advertências, na internet e em outros recursos seguem aparecendo chamados para participar de tal ação", declarou a polícia.
A polícia lembra que Navalny convocou o ato no sábado passado, em um comício autorizado ao qual compareceram mais de 22 mil pessoas. De acordo com o chamado, a oposição deveria se concentrar amanhã em frente à Câmara Municipal caso que as suas candidaturas não fossem registradas pela Comissão Eleitoral, exatamente como ocorreu.
"Pedimos encarecidamente aos habitantes e aos visitantes que se abstenham de participar de tal ato. Advertimos sobre a responsabilidade pela organização de atos públicos não autorizados e a participação neles", acrescentou o porta-voz policial.
A polícia já realizou nesta semana uma série de batidas nos apartamentos de candidatos da oposição às eleições municipais em Moscou, que também foram chamados para depor diante das autoridades.
A presidente da Comissão Eleitoral Central russa, Ella Pamfilova, apoiou as denúncias da oposição e pediu para que as autoridades revisem as solicitações dos candidatos opositores.
A comissão eleitoral de Moscou negou o registro de 57 candidatos, entre eles alguns dos principais líderes opositores. A oposição acusa as autoridades de manipularem as milhares de assinaturas pedidas durante as últimas semanas pelos seus candidatos ao transcrevê-las incorretamente no registro eletrônico.
Enquanto isso, a comissão eleitoral incriminou abertamente os opositores de incluírem nas suas listas mais de 300 "almas mortas" e quase 10 mil pessoas inexistentes.
O Comitê de Direitos Humanos adscrito ao Kremlin tomou partido a favor da oposição e pediu que a comissão eleitoral registre "todos os candidatos" que tenham coletado o mínimo de assinaturas necessárias, já que o contrário significaria ignorar "a vontade de milhares de eleitores".
A oposição democrática russa vê as eleições municipais como um primeiro passo para tentar chegar à Câmara dos Deputados nas próximas eleições legislativas, em 2021.